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XXXVII REUNIÃO ANUAL DA SPAIC / RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS E DOS POSTERS
PO 02 Somente anisakis A propósito de um caso
SESSÃO DE POSTERS I clínico
ALERGIA ALIMENTAR F Semedo , E Tomaz , F Pineda , F Inácio 1
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1 Hospital de São Bernardo Centro Hospitalar de Setúbal E.P.E.,
Setúbal, PORTUGAL
Dia: 7 de Outubro 2
Horas: 08h30 10h00 DIATER LABORATORIOS, S.A, Madrid, SPAIN
Local: Sala 2
Introdução: O Anisakis simplex pertence à classe dos nemá
todos e parasita o estômago de mamíferos marinhos, podendo
Moderadores: Natália Fernandes, Susana Oliveira
induzir uma reação de hipersensibilidade IgE mediada quando
ingerido através de peixe crú, marinado ou mal cozinhado. As
PO 1 Dermatite herpetiforme Caso clínico manifestações clínicas são variadas, desde urticária até anafi
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S Farinha , F Jordão , E Tomaz , F Inácio 1 laxia. Diversos estudos têm demonstrado que os métodos
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1 Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar de Setúbal, EPE usualmente disponíveis para diagnóstico da alergia ao parasita
Hospital de S. Bernardo, Setúbal, PORTUGAL são pouco específicos, como testes cutâneos por picada (TCP)
e determinação de IgE específica, devido também à elevada
Introdução: Dermatite herpetiforme (DH), ou doença de prevalência de infeção do peixe em zonas geográficas de mar
Duhring Brocq, é uma doença inflamatória cutânea crónica, be cado consumo.
nigna, caracterizada por erupções papulovesiculares pruriginosas, Descrição do caso: Doente do sexo feminino, 57 anos, sem
geralmente distribuídas simetricamente em superfícies extenso antecedentes pessoais ou familiares de atopia, que iniciou no
ras. É mais comum no norte da Europa e em caucasianos, habi mês anterior quadro de diarreia aguda, sensação de mal estar
tualmente entre os 15 40 anos de idade, sem prevalência de sexo, e eritema maculo papular pruriginoso compatível com urticá
na proporção de uma pessoa em cada 100.000. Associa se a en ria, aproximadamente 2 horas após ingestão de refeição com
teropatia induzida pelo glúten, afectando cerca de 25% dos doen sardinhas grelhadas, com resolução espontânea da sintoma
tes celíacos. tologia. O quadro clínico repetiu se diversas vezes, com in
Caso Clínico: Mulher de 31 anos de idade, caucasiana, referen gestão de outro tipo de peixes mas sem reprodutibilidade. Do
ciada à consulta de Imunoalergologia por apresentar desde Abril estudo alergológico, salientam se TCP negativos para bateria
de 2015 erupções cíclicas papulovesiculares pruriginosas e dolo standard de aeroalergénios e bateria de alimentos incluindo
rosas na região dos dedos, com aparecimento progressivo nos peixes, moluscos e bivalves. O TCP revelou se positivo com
cotovelos, joelhos, nádegas e zona genital que evoluíram para pápula de 8mm de diâmetro para Anisakis simplex e confir
escoriação e com pouca resposta ao Deflazacort e anti mado por IgE específica 25,7 KU/L (IgE total: 74KU/L). Foram
histamínicos. Como antecedentes pessoais apresentava talasse aconselhadas medidas de evicção de peixe com cozedura de
mia minor, rinite e asma intermitente controlada. Negava altera ficitária. Após 6 anos, a doente regressou à consulta com
ções do trato gastrointestinal, assim como história de trauma, queixas de prurido disperso, sem outra sintomatologia acom
cirurgia ou doença recente. panhante. Repetida a anamnese cuidada, foram realizados tes
O estudo efectuado evidenciou: factor reumatóide, ANA, Ac an tes epicutâneos com bateria standard e de cosméticos que se
tidsDNA e HLA B27 negativos; testes epicutâneos standard nega revelaram negativos. Os TCP foram exclusivamente positivos
tivos; testes prick positivos para ácaros, pólen de gramíneas, pa para o parasita e a IgE específica para anisakis foi 72,5 KU/L
rietária e artemisia; anticorpos antitransglutaminase IgG 7, IgA 432 (IgE total: 318KU/L). Posteriormente foi efetuado o perfil ele
U/ml; biopsia das lesões dermatológicas: dermatose bolhosa, apa troforético (SDS PAGE) e Western blot que confirmaram a
rentemente subepidérmica; endoscopia digestiva alta com biopsia sensibilização ao parasita.
em D2: três fragmentos de mucosa duodenal da vertente pilórica
com atrofia subtotal das vilosidades, com aumento do infiltrado
linfoplasmocitário na lâmina própria e com permeação epitelial
por linfócitos CD3+; CD4+, na razão de 40 linfócitos/100 células
epiteliais, com aspectos focais de hiperplasia epitelial regenerativa,
sendo os aspectos observados a favor de doença celíaca, em es
tadio 3B da classificação de MARSH. Foi colocado o diagnóstico
de dermatite herpetiforme.
Conclusão: O caso relatado ilustra um quadro de doença celíaca
num doente adulto, cuja única manifestação é um quadro cutâneo,
chamando a atenção para a importância desta entidade no diag
nóstico diferencial da patologia cutânea alergológica.
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA