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XXXVII REUNIÃO ANUAL DA SPAIC / RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS E DOS POSTERS
principais grupos alimentares envolvidos foram: crustáceos (26%), positivos para pessêgo, maçã, amêndoa, lentilha, feijão, coco e
peixes (19%), frutos frescos (19%) e frutos de casca rija (16%); 9 farinhas de centeio, cevada, trigo e milho, tendo ocorrido anafi
doentes eram alérgicos a alimentos de mais do que um grupo. laxia durante os TC pelo que não se prosseguiu para TC com
Vinte (95%) tinham reacções imediatas e 12 (57%) anafilaxia. Dois alimentos em natureza. O perfil molecular de reconhecimento
(10%) doentes confessaram não estarem a cumprir evicção abso de alergénios mostrou sensibilização a gramíneas (Phl p1 e Phl
luta dos alimentos a que eram alérgicos e um mantinha inclusiva p4), a LTP de pólen e frutas (Art v3, Pla a3, Pru p3, Jug r3), a
mente manifestações recorrentes de alergia (síndrome de alergia proteína de armazenamento da noz (Jug r2) e a Hev b6 do látex.
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oral); 7 (33%) admitiram nem sempre trazer consigo a medicação Realizou se immunoblotting (Diater ) que confirmou o reconhe
de emergência, tendo um doente referido já ter necessitado dela. cimento de proteinas nos extratos de Phleum (Phl p 5, Phl p 1 e
Onze (52%) doentes reportaram terem alterado os seus planos Phl p 4); látex (Hev b6) e reatividade cruzada com banana (Mus
de férias devido à AA. Cinco (24%) referiram raramente ou nunca a2); pêssego (Pru p3) e noz (fracção lipossolúvel). Este método
prestar atenção aos rótulos dos produtos alimentares embalados permitiu também diagnosticar alergia ao trigo, com gliadinas ne
e 4 (19%) doentes já tinham tido uma reacção alérgica alimentar gativas, e ao milho (Zea m1).
por exposição acidental. Cinco (24%) consideraram ter um aumen Conclusão: nesta doente diagnosticou se co sensibilização a LTP
to nas despesas mensais atribuível à AA e 10 (48%) doentes con e proteínas de armazenamento responsável por um sindrome
firmaram sentir se de algum modo prejudicados pela AA. Por pólen frutos com anafilaxia a rosáceas e anafilaxia a frutos secos
outro lado, todos os doentes referiram estar mais confiantes com e leguminosas. Acresce um síndrome látex frutos e anafilaxia a
o diagnóstico e gestão da AA após avaliação em consulta de Imu diferentes cereais. Perante a complexidade deste caso de alergia
noalergologia. múltipla, os autores discutem qual a melhor abordagem e correc
Conclusões: O impacto negativo da AA na vida diária dos doen to aconselhamento destes doentes.
tes/cuidadores da população avaliada foi evidente, à semelhança
de outros estudos, quer a nível económico quer a nível psicossocial.
Também se notou uma atitude descuidada por parte de quase um PO 10 Anafilaxia induzida por cerveja
1
1
quarto dos doentes em relação à sua AA. Todos admitiram maior J Badas , D Silva , A Coimbra 1
confiança na gestão da AA após avaliação por Imunoalergologia 1 Serviço de Imunoalergologia/Centro Hospitalar São João, porto,
contudo, a intervenção médica deve ser ainda mais abrangente e PORTUGAL
incluir todos os aspectos de modo a ajudar os doentes a lidarem
com a sua AA, assim como a reduzir a interferência da mesma no Introdução: A cerveja é amplamente consumida em todo o mun
seu quotidiano. do, contudo os relatos de hipersensibilidade imediata são raros.
O objetivo deste trabalho é apresentar o estudo diagnóstico de
um caso clínico de anafilaxia de repetição com suspeita de reação
PO 09 Sem ser frutas, leguminosas, frutos secos de hipersensibilidade à cerveja.
e cereais o que posso comer? Métodos: Homem de 71 anos de idade, com doença pulmonar
1
S Campina Costa , F Pineda, M Castillo obstrutiva crónica, hipertensão, dislipidemia e osteoartropatia,
1 Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Lisboa, PORTUGAL polimedicado com atorvastatina, carvedilol, lisinopril e associa
2 Laboratório de Aplicações, Laboratório DIATER, Madrid, SPAIN ção de brometo de glicopirrónio e indacaterol. Referenciado à
consulta por 3 episódios de anafilaxia nos últimos seis meses,
Introdução: a alergia alimentar múltipla constitui uma ameaça com necessidade de ventilação mecânica e internamento em
para o doente e um desafio diagnóstico para o médico. Quando unidade de cuidados intensivos no último episódio. Os episódios
confirmada permanecem dúvidas sobre o aconselhamento e tera ocorreram imediatamente (<15 min) após ingestão dos seguintes
pêutica para além da evicção dos alimentos implicados. alimentos, respetivamente: 1) cerveja com gasosa e 2 rissóis de
Métodos: revisão de um caso clínico de alergia alimentar a di carne; 2) cerveja com gasosa e 3) cerveja acompanhada de car
ferentes fontes alergénicas. Resultados: mulher de 47 anos, aju ne de porco fumada. Boa tolerância ao consumo de carne de
dante de pasteleira, com os diagnósticos de rinite alérgica e asma porco e de vaca, pão de trigo, ovo e especiarias como pimenta
brônquica controlada, e história de prurido oral ao encher balões e pimentão após os episódios. Efetuou estudo diagnóstico que
e urticária imediata a luvas de borracha. Desde há 4 anos surge incluiu doseamento de tríptase sérica, testes cutâneos e IgE
síndrome de alergia oral a cereja, ameixa, amêndoa, amendoim, específicas.
feijão, banana e coco e anafilaxia a pêssego, maçã, pêra, manga, Resultados: Os testes cutâneos por picada com aeroalergénios,
maracujá, noz, avelã, caju, pistáchio, ervilha e grão, bem como LTP, profilina, noz, avelã, amêndoa, pinhão, amendoim, trigo e soja
anafilaxia com ingestão de produtos contendo farinhas de cen foram negativos. Analiticamente apresentava eosinófilos de 470/
teio, cevada, trigo e mais recentemente com amido milho. Não mm3, tríptase normal (3,25µg/L), IgE total de 549kU/L, IgE espe
há associação à prática de exercício físico ou toma concomitan cíficas para carne de porco, paprica, trigo, centeio, amêndoa, tre
te de fármacos. Os testes cutâneos por picada (TC) a aeroaler moço, noz, tremoço lupino e mistura de cereais (trigo, centeio,
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génios (Bial ), foram positivos para o látex, gramíneas, cipreste, cevada, arroz) negativas. Os testes cutâneos por picada picada
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plátano e artemisia. Os TC a extratos alimentares (Bial ) foram foram positivos para o malte de cevada (6mm de maior diâmetro
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA