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XXXVII REUNIÃO ANUAL DA SPAIC / RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS E DOS POSTERS





tendo efeito máximo em 20 a 90 minutos. As reações alérgicas aos Metodologia: Estudo retrospetivo de crianças referenciadas à
colírios midriáticos são raras apesar do seu uso extensivo por consulta de Alergia a Fármacos (abril 2009 março 2016) por
parte dos oftalmologistas sendo o cloridrato de fenilefrina respon suspeita de RH a AINEs. Avaliaram se dados demográficos, clínicos
sável pela maioria dos casos reportados, com uma incidência entre e resultados da investigação diagnóstica. O diagnóstico foi confir
53,8% e 93,5%. mado por prova de provocação oral (PPO) e considerado provável
Caso Clínico: Doente do sexo feminino de 65 anos de idade, se história clínica sugestiva. Foram contactados telefonicamente
referenciada à consulta de Imunoalergologia por episódio em 2001 os pais dos doentes nos quais foi excluída RH, para avaliar reex
de edema, eritema pruriginoso e doloroso palpebral e hiperémia posição ao fármaco e sua tolerância.
conjuntival cerca de 4 horas após uso de colírios (oxibuprocaína, Resultados: Avaliaram se 34 doentes por suspeita de RH a AI
tropicamida e fenilefrina) para realização de fundoscopia em con NEs: 68% do sexo feminino; idade mediana de 11 anos [3 18]; 65%
texto de oclusão vascular retiniana no olho direito. Realizou tera atópicos; 38% com diagnóstico de asma e rinite e 27% com rino
pêutica tópica, não especificada, durante 15 dias com resolução conjuntivite. Os principais fármacos suspeitos foram Ibuprofeno
do quadro. Referia uso recorrente de colírios na avaliação do e Paracetamol, sendo que 18% dos doentes referiam queixas com
fundo ocular, sem qualquer reação anteriormente. Até 2013 refe mais do que um AINE. As manifestações cutâneas foram as mais
riu vários episódios posteriores semelhantes ao descrito, altura comuns (76%); as RH tardias foram referidas em 16 doentes (47%)
em que suspendeu a administração dos colírios tropicamida e clo e as imediatas em 15 doentes (44%). Trinta e um doentes comple
ridrato de fenilefrina. Desde então, tem tolerado outros colírios taram estudo, 6 não realizaram PPO com o AINE suspeito (4 por
nomeadamente povidona k25 e cloridrato de oxibuprocaína. Rea história clínica sugestiva e 2 por comprovada tolerância posterior).
lizou Testes Cutâneos por Picada para aeroalergénios que foram Três das 25 PPO foram positivas (2 Ibuprofeno e 1 Paracetamol).
positivos para pólen de acácia. Nos Testes Epicutâneos apresentou Oito doentes fizeram administração continuada sem intercorrên
resultados positivos para mistura de Caínas (dibucaína, percaína, cias. O diagnóstico foi confirmado em 3 doentes (9,7%), conside
tetracaína) e Cloridrato de Fenilefrina. A doente teve indicação rado provável em 4 (12,9%) e excluído em 24 (77,4%). Os doentes
para fazer evicção do cloridrato de fenilefrina e alternativamente com diagnóstico confirmado ou provável realizaram PPO com
utilizar outros colírios midriáticos em que apresentou testes epi AINE alternativo com boa tolerância. Dos 24 doentes em que se
cutâneos negativos, nomeadamente a tropicamida. excluiu RH a AINEs, 54,2% voltaram a tomar o AINE suspeito com
Discussão: O aparecimento dos sintomas poucas horas após a boa tolerância, 29,2% não necessitaram, 8,3% não voltaram a tomar
administração do colírio podia levar a admitir, erradamente, uma por receio e 8,3% não atenderam o telefone.
reação alérgica do tipo imediato. No entanto, na literatura as Conclusão: O diagnóstico de RH a AINEs foi estabelecido em
reações alérgicas à fenilefrina são descritas como reações tardias, 9,7% dos doentes, sendo a PPO fundamental na confirmação do
causada pela interação do antigénio com linfócitos T inflamatórios mesmo e na documentação de alternativas seguras. Os resultados
e/ou citotóxicos. Assim sendo, este caso trata se de uma alergia obtidos são concordantes com estudos realizados noutros centros.
com base num mecanismo celular e não IgE mediado. A maioria dos doentes em que se excluiu RH voltaram a tomar o
Conclusão: Admite se o diagnóstico de hipersensibilidade tardia AINE suspeito com boa tolerância
ao Cloridrato de fenilefrina tratando se de uma reação de hiper
sensibilidade do tipo IV, não IgE mediada. O uso de testes epicu
tâneos confirmou que estas consistem em reações de hipersensi PO 19 Utilidade dos alergénios moleculares no
bilidade tipo IV e permitiu a escolha de uma opção terapêutica diagnóstico de alergia a veneno de himenópteros
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para esta doente. C Cruz , R Reis , A P Pires , E Tomaz , F Inácio 1
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1 Serviço de Imunoalergologia, Hospital de São Bernardo, Setúbal,
PORTUGAL
PO 18 Reações de hipersensibilidade a anti -inflamatórios
não esteróides em idade pediátrica: Estudo retrospetivo Introdução: O doseamento de IgE s específicas para veneno
M Vieira , J Lopes , S Cadinha , P Barreira , J P Moreira da Silva 1 de himenópteros é muito sensível no diagnóstico de alergia a
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1 Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Vila Nova de venenos. No entanto, muito frequentemente, os doentes alér
Gaia/Espinho, EPE, Vila Nova de Gaia, PORTUGAL gicos a veneno de abelha ou vespas (Vespula ou Polistes) apre
sentam IgE específica para vários venenos. As duplas ou triplas
Introdução: As reações de hipersensibilidade (RH) a anti positividades séricas, associando se a testes também positivos
inflamatórios não esteróides (AINEs) são as mais frequentes, para dois ou três venenos levantam questões na seleção da imu
ainda que poucos estudos documentem a sua prevalência em ida noterapia. Esta positividade múltipla em testes diagnósticos pode
de pediátrica. O esclarecimento do diagnóstico é de grande im ser devida a sensibilização a vários venenos ou a reações cruza
portância, evitando o recurso a fármacos alternativos menos das. Os estudos de inibição de IgE podem ajudar a distinguir
adequados. estas duas situações, mas por serem dispendiosos e difíceis de
Objetivo: Avaliar e caracterizar um grupo de crianças com sus interpretar, são pouco usados por rotina. Os alergénios mole
peita de RH a AINEs e determinar se, naquelas em que foi excluí culares podem ajudar a distinguir sensibilização múltipla verda
da RH, houve reexposição e tolerância ao fármaco. deira de reatividade cruzada.
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA
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