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XXXVII REUNIÃO ANUAL DA SPAIC / RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS E DOS POSTERS
PO 24 Anafilaxia alimentar: Um caso de sensibilização
SESSÃO DE POSTERS III ocupacional
ALERGIA CUTÂNEA / ANAFILAXIA A Galamba Palhinha , D Pina Trincão , M Paiva , P Leiria Pinto 1
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1 Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, CHLC,
Dia: 7 de Outubro Lisboa, PORTUGAL
Horas:16h30 18h00
Local: Sala 2 Introdução: O trigo mourisco (Fagopyrum esculentum) é uma planta
da família Polygonaceae que é utilizada na produção de farinha consumi
Moderadores: Cristina Arêde, Teresa Vau da, tradicionalmente, em países asiáticos. A alergia ao trigo mourisco é
uma forma rara de alergia alimentar na Europa, mas a globalização dos
hábitos alimentares tem vindo a gerar um número crescente de casos,
PO 23 Alergia a peixes e anafilaxia que incluem formas de sensibilização em contexto ocupacional.
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I Rezende , M Marques , L Cunha , H Falcão 1 Caso clínico: Doente do sexo masculino, 56 anos, padeiro, an
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1 Serviço de Imunoalergologia do Centro Hospitalar do Porto, tecedentes pessoais de rinite alérgica intermitente ligeira, referen
Porto, PORTUGAL ciado a consulta de Imunoalergologia na sequência de episódio de
urgência caracterizado por urticária generalizada e broncospasmo.
Objetivo: A maioria das reações alérgicas ao peixe desencadeia Cerca de 4 meses antes desta situação iniciou episódios de broncos
sintomas cutâneos, no entanto estão descritas reações anafiláticas. pasmo e prurido nasofaríngeo desencadeados pela inalação de farinha
Sabe se que os principais alergénios responsáveis por reatividade de trigo mourisco em contexto laboral. Posteriormente, descreve
cruzada entre espécies de peixe são as parvalbuminas. Este estudo episódio de prurido orofaríngeo imediatamente após contato oral
tem como objetivo avaliar as caraterísticas clínicas e imunológicas com pão de trigo mourisco que não chegou a deglutir e outro epi
num grupo de doentes com alergia ao peixe. sódio caracterizado por aparecimento de prurido orofaríngeo e
Metodologia: Foi realizado um estudo retrospetivo, que en dispneia imediatamente após ingestão de chocolate com avelãs.
globou doentes (30) em idade pediátrica seguidos em consulta No dia do episódio de urgência a sintomatologia iniciou se ime
ativa de Imunoalergologia, desde Janeiro de 2015 a Junho de diatamente após refeição que incluiu alimentos que o doente in
2016, por alergia alimentar ao peixe. Foram avaliados os seguin gere regularmente, possivelmente contaminados por manipulação
tes parâmetros: prévia de farinha de trigo mourisco.
Idade de início de doença ; sintomas ; tipos de contacto com Procedeu se à realização de testes cutâneos por picada (bateria
o alergénio desencadeante de sintomas ; resultados dos testes de aeroalergénios, frutos secos, cereais, LTP e profilina) que foram
cutâneos pelo método prick e/ou prick to prick, das IgE´s es positivos para extratos comerciais de amendoim, avelã, noz e ar
pecíficas e dos alergénios recombinantes (Cyp C1 e Gad C1) temísia. O teste prick prick com farinha de trigo mourisco, foi
pelo método ImmunoCap . Foi realizado estudo estatístico fortemente positiva (pápula de 20mm). O estudo ISAC revelou
com base em Excel, com o objetivo de caraterizar o grupo de sensibilização a alergénio primário do trigo mourisco (nFag e2, 2S
doentes. albumina), a artemísia (nArt v1, defensina) e a LTP da parietária e
Resultados: Dos 30 doentes, 16 (53%) são do género mascu do pêssego (rParj2 e rPru p3, respetivamente).
lino, e 16 (53%) apresentaram início dos sintomas com idade Conclusões: De acordo com os resultados obtidos, podemos con
inferior a 3 anos. Dois terços dos doentes (20) têm anteceden cluir estar perante um caso raro de anafilaxia ao trigo mourisco em
tes pessoais de alergia (rinite, asma e/ou outra alergia alimen que a sensibilização ocorreu em contexto ocupacional, por via ina
tar). Dezassete (56%) têm sintomas por ingestão, 4 (13%) por latória. A ausência de sintomatologia prévia com avelã e de sensibi
ingestão e inalação, e 6 (20%) por ingestão, inalação e contacto lização a alergénios primários de frutos secos sugere envolvimento
cutâneo com o alergénio. Treze doentes (43%) com sintomas de alergénio de reactividade cruzada entre o trigo mourisco e os
brônquicos e nasais após exposição ao alergénio, e outros 13 frutos secos, justificando a realização de estudo imunológico futuro
(43%) com anafilaxia. Dos doentes com anafilaxia, 8 (61%) tive (ex: immunobloting) para sua melhor caracterização.
ram sintomas com inalação e ingestão e os restantes 5 (39%)
sintomas com os 3 tipos de contacto com o alergénio. Destes,
9 (69%) tiveram anafilaxia com idade inferior a 3 anos, 7 (54%) PO 25 Omalizumab no controlo de urticária crónica:
têm doseamento de Cyp C1 e Gad C1 > 0,36 kUA/L (a maioria Real life expirience
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> classe II). Nove doentes (69%) com clínica de anafilaxia são S Campina Costa , A Silva 1
do género masculino. 1 Unidade de imunoalergologia, centro hospitalar lisboa ocidental,
Conclusões: Este estudo sugere a precocidade das reações ao Lisboa, PORTUGAL
peixe em crianças com história de atopia; a gravidade parece estar
associada à positividade de marcadores imunológicos (Cyp C1 e De acordo com as recentes recomendações internacionais de te
Gad C1). rapêutica da urticária crónica espontânea (UCE), o omalizumab
(Omzb) está indicado na refratariedade aos anti histaminicos an
tiH1 não sedativos em doses elevadas.
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA