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João Marcelino, Sara Carvalho, Fátima Cabral Duarte, Ana Célia Costa, Manuel Pereira Barbosa
parecem animadores, demonstrando que: 1) os anti- caso a investigação ainda não esteja completa, adaptando
-histamínicos e os corticoides diminuem o risco de de- o algoritmo de Della -Torre et al .
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senvolvimento de sintomas cutâneos e também respira- No contexto da profilaxia é ainda importante referir
tórios; 2) a combinação clemastina + cimetidina as reações breakthrough. Estas reações foram identifica-
demonstrou diminuição estatisticamente significativa da das pela primeira vez em 1949, desenvolvem -se apesar
prevenção de angioedema; 3) os corticoides diminuem o da pré -medicação dos doentes com anti -histamínicos
risco de uma reação com risco de vida (hipotensão), mas e/ou corticoides e podem ocorrer quer em doentes que
precisam de ser medicados cerca de 100 a 150 doentes fazem pré -medicação por apresentarem fatores de risco,
desta forma para prevenir esta reação em 1 doente. quer em doentes que fazem pré -medicação pelo princi-
Considerando o efeito protetor no desenvolvimento pal fator de risco – a história de reação prévia 3,4,31 . Quan-
de sintomas cutâneos, respiratórios e cardiovasculares, do ocorrem, as reações breakthrough tendem a ser simi-
os autores consideram que os corticoides e anti- lares às iniciais em 85% dos casos e graves ou com risco
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-histamínicos devem ser usados sempre que o doente de vida em 24% dos casos . Globalmente, a taxa destas
apresente fatores de risco (nomeadamente história de reações após a administração prévia de corticoide é es-
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reação prévia a MCRI), no sentido de tentar prevenir uma timada em 10% .
reação adversa. Neste sentido, o Serviço de Imunoaler- Em alguns casos, apesar de pré -medicação e da ten-
gologia do Hospital de Santa Maria desenvolveu e aplica tativa de escolha de um MCRI alternativo, pode ser im-
os seguintes protocolos em doentes com facto de risco prescindível a realização de um exame com um meio de
para reações adversas a MCRI que vão realizar novo exa- contraste ao qual o doente já fez reações. Nestes casos,
me com MCRI: pode -se optar pela dessensibilização. Esta não é uma prá-
tica comum e poucos dados existem sobre tentativas de
– Se o doente apresenta apenas fatores de risco para dessensibilização.
reação adversa (asma brônquica, cardiopatia isqué- Em 2014, Gandhi et al. elaborou um protocolo de
mica, diabetes mellitus, insuficiência renal crónica, dessensibilização ao iodixanol com bons resultados, numa
mieloma, policitemia, drepanocitose ou terapêutica doente com história de reações adversas e com necessi-
com AINES, betabloqueantes, IL -2 ou biguanidas), dade de uma coronariografia urgente .
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mas sem história de reação prévia a MCRI, deve
realizar metilprednisolona 40mg EV 2 horas antes
do exame e metilprednisolona 32mg PO (ou pred- CONCLUSÕES
nisolona 40mg PO) 12 horas antes do exame;
– Se o doente apresenta história de reação prévia a As reações adversas a MCRI são cada vez mais fre-
MCRI, independentemente de ter ou não outros quentes, seja porque estes fármacos se tornam mais usa-
fatores de risco, deve realizar 13 e 7 horas antes do dos na prática clínica ou porque há mais casos identifica-
exame 50mg de prednisolona e 10mg de loratadina dos/reportados. No entanto, a constante evolução dos
10mg; 1 hora antes do exame hidrocortisona 200 MCRI e a existência de comorbilidades e fármacos admi-
mg EV, clemastina 2mg diluída em 100mL de soro nistrados concomitantemente muitas vezes dificulta a
fisiológico EV e ranitidina 50mg EV. correta interpretação destas reações.
Os pontos mais importantes na avaliação destas rea-
A escolha de MCRI alternativo baseia -se nos resulta- ções são a identificação do MCRI responsável e a reali-
dos dos testes cutâneos intradérmicos e epicutâneos ou, zação de uma boa história clínica, de forma a orientar a
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA