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João Marcelino, Sara Carvalho, Fátima Cabral Duarte, Ana Célia Costa, Manuel Pereira Barbosa





                 tocolo de prova de provocação com MCRI, no qual   comparando com apenas 8/36 (26%) realizados após
                 0,1 mL de MCRI é administrado por via endove-     os 6 meses (p=0,02);
                 nosa em intervalos de 15 minutos, começando com   –  Teste de proliferação/ativação linfocitária:
                 uma diluição de 1/10 000 e subindo em diluições   não se encontra suficientemente validado, apesar
                 de 10x até à administração de 1 a 5 mL do MCRI    de alguns trabalhos demonstrarem proliferação de
                 puro antes do exame. Com este protocolo, reações   linfócitos em contacto com MCRI ;
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                 positivas ligeiras a moderadas foram observadas   –  Prova de provocação: existem já três estudos
                 em 22% dos doentes com antecedentes de reação     descrevendo este procedimento. Em todos os
                 prévia. Apesar de este procedimento parecer ser   casos houve reprodução da reação inicial (exan-
                 eficaz na escolha do MCRI em doentes de alto      tema maculopapular) com a administração do
                 risco, é de difícil prática por consumir muito tem-  MCRI não diluído, ainda que em quantidades con-
                 po e recursos .                                   sideravelmente menores do que as usadas no
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                                                                   exame em que se desenvolveu a reação (1 a 5 mL
               Relativamente às reações tardias, no momento da     vs 100 a 200mL). No entanto, pelos riscos que
            reação pode realizar -se uma avaliação laboratorial geral.   envolve, permanece ainda uma ferramenta de in-
            Apesar de a maioria das reações serem cutâneas, outros   vestigação e não uma metodologia aconselhada
            órgãos podem também estar envolvidos. Deve ser reali-  por rotina . Além deste facto, em reações de
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            zada uma avaliação da função renal e hepática e hemo-  maior gravidade com risco para a vida ou sequelas
            grama com contagem diferencial de leucócitos, embora   permanentes (síndrome de Stevens -Johnson, ne-
            não existam dados sobre a frequência de alterações la-  crólise epidérmica tóxica, DRESS ou pustulose
            boratoriais . Pode também realizar -se uma biópsia cutâ-  exantematosa generalizada aguda) a sua realização
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            nea, podendo a histologia ajudar na avaliação e confirma-  está contraindicada.
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            ção da reação alérgica .
               Após a resolução da reação, podem realizar -se:
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               –  Testes cutâneos indradérmicos e epicutâneos:
                 os testes epicutâneos (Epi) positivos com MCRI puro   No tratamento das reações aos MCRI, os fármacos
                 estão descritos e, apesar de parecerem específicos   e as doses a serem utilizadas não são consensuais. O
                 (um estudo com 30 controlos foi negativo em todos),   Quadro 6 mostra as recomendações do American College
                                                                       5
                 não há dados certos quanto à sua sensibilidade, des-  of Radiology . Salienta -se que reações cutâneas mais ligei-
                 crita entre 28 e 50% 4,10,25 . A leitura tardia dos TID   ras e sem queixas por parte do doente podem não ne-
                 (às 48 e 96 horas) é também usada e, segundo alguns   cessitar de terapêutica dirigida, tendo resolução espon-
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                 autores, é mais sensível que os Epi . Epi com MCRI   tânea sem quaisquer intercorrências.
                 puro no dorso e TID com leituras às 48 e 96 horas   Quanto à profilaxia que se pode realizar, consideran-
                 quando usados em conjunto aumentam a sensibili-  do os diferentes mecanismos fisiopatológicos que impli-
                 dade 4,10 . Estes devem ainda ser lidos após uma se-  cam abordagens diferentes, não existe um tratamento
                 mana se previamente negativos . Quanto ao melhor   único que previna o aparecimento de qualquer reação.
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                 momento para realizar os testes, um estudo de-  Tal não significa que o tratamento profilático não seja
                 monstrou que 29/62 (47%) foram positivos quando   importante; em especial em doentes com reações prévias
                 realizados nos primeiros 6 meses após a reação,   a MCRI ou em doentes com fatores de risco, nos quais


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            REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA
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