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TESTES INTRADÉRMICOS E IMUNODOTS PODEM SER ÚTEIS NO DIAGNÓSTICO
DE ALERGIA CANINA À CARNE / ARTIGO ORIGINAL
vezes necessário e inclui provas de provocação alimen- versidade de Évora (Portugal) e do Hospital Veterinário
tar com alimentos individuais, para identificar o(s) Universitário Rof Codina (Lugo, Espanha), 11 (5 do sexo
alimento(s) especificamente envolvido(s) . Encontram- masculino e 6 do sexo feminino) foram selecionados
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-se atualmente disponíveis no mercado opções analíti- pela história clínica e TID, por suspeita de alergia ali-
cas com vista à identificação de alergia alimentar canina, mentar. Consideraram -se suspeitos de alergia alimentar
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quer baseadas no Western Blot, como o Cyno -DIAL os doentes que, mesmo não apresentando manifestações
(Galileo Diagnostics, França), quer no ELISA, como o digestivas, apresentavam dermatite alérgica sem agra-
Teste Screening Alimentar e o Painel de Alergénios Ali- vamento estacional e TID positivos para alimentos. To-
mentares (LETI Animal Health, Espanha). Porém, o re- dos os selecionados apresentavam dermatite prurigino-
curso a essa opção como método diagnóstico único, sa e, pelo menos, seis dos critérios de Favrot para
mesmo para a metodologia baseada no Western Blot, dermatite atópica , sem queixas de natureza digestiva.
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considerada mais sensível e específica, não está reco- Os TID foram realizados com extratos comerciais, in-
mendado para o diagnóstico de alergia alimentar no cão, cluindo controlo positivo (solução de histamina) e ne-
face à insuficiente sensibilidade e especificidade 11,12 . No gativo (solvente dos extratos) (Bial Aristegui, Bilbao,
entanto, alguns estudos haviam já revelado resultados Espanha) de acordo com os procedimentos diagnósticos
controversos. Investigação laboratorial levada a cabo internacionalmente aceites para, pelo menos, Dermato-
por Puigdemont et al. (2006) revelou concordância phagoides farinae (Der f), Dermatophagoides pteronyssinus
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com as manifestações clínicas, enquanto Kunkle e Hor- (Der p), Acarus siro (Aca s), Tyrophagus putrescentiae (Tyr
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ner (1992) haviam observado resposta positiva a aler- p), Lepidoglyphus destructor (Lep d), Dactylis glomerata
génios alimentares em cães apenas com alergia ambien- (Dac g), Phleum pratense (Phl p), carne de vaca, de por-
tal. Ausência de reatividade celular a antigénios co, de borrego e de frango.
alimentares foi também verificada em cães com reativi-
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dade alérgica alimentar . Determinação das IgE específicas
Em face da frequente suspeita de alergia alimentar e A IgE específica para um painel dos ácaros e pólenes
dado o insuficiente valor diagnóstico individual dos mé- mais comuns foi determinada de acordo com Lee et al.
todos laboratoriais estudados e a positividade dos TID (2009) em laboratório comercial (Leti -Univet, Barce-
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para algumas carnes, em associação com a melhoria clí- lona, Espanha). A avaliação das IgE específicas para car-
nica após a sua exclusão da dieta, pretendeu -se, neste ne de vaca, de porco, de borrego e de frango foi reali-
estudo, avaliar a relevância da abordagem diagnóstica zada em imunodot blots como segue: i) músculo fresco
combinada: i) história clínica; ii) TID; iii) IgE específica e de cada uma das espécies, refrigerado, cortado em
iv) provas dietéticas de exclusão e provocação no diag- pedaços muito finos (<3 mm) e submetido a extração
nóstico de alergia alimentar, de forma mais rápida e com proteica sob agitação orbital suave, a 1:3, em tampão
o
razoável fiabilidade. fosfato salino pH 7,4, durante 30 min a +4 C; ii) o
sobrenadante foi obtido por centrifugação a 3000 g
durante 20 min a +4 C; iii) a concentração proteica do
o
MATERIAL E MÉTODOS extrato foi medida segundo o método de Warburg e
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Christian em espectrofotómetro (Beckman DU530
Seleção dos doentes UV -VIS, Beckman Coulter, Brea, EUA) e repartido em
o
De 85 cães atendidos nas consultas externas de der- aliquotas conservadas a -20 C; iv) as tiras de nitroce-
matologia e alergologia do Hospital Veterinário da Uni- lulose (NC) de 4 mm de largura foram preparadas
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA