Page 41 - RPIA_26-3
P. 41
DOENÇA ALÉRGICA RESPIRATÓRIA NO IDOSO / ARTIGO DE REVISÃO
de de coordenação para garantir a sua ativação, inalação Tal como referido, os fatores desencadeantes mais
e suspensão da respiração na sequência precisa. O uso de importantes nesta faixa etária são as infeções do trato
câmara expansora facilita a sua utilização e aumenta a respiratório e o contacto com irritantes e aerossóis de
eficácia terapêutica ao reduzir a necessidade de coorde- uso doméstico. Sendo surpreendentemente comum o
nação. A sua utilização diminui ainda a deposição orofa- tabagismo entre os asmáticos, observa -se que os fuma-
ríngea, reduzindo assim a incidência de candidíase orofa- dores apresentam, de forma geral, a doença mal contro-
27
ríngea, e aumenta a deposição pulmonar, melhorando a lada e uma menor resposta aos corticoides . Embora
função pulmonar, em comparação com doentes que usam mais benéfica em idade precoce, a abstenção tabágica
o MDI diretamente na boca. Por todos estes motivos a deve ser sempre incentivada. Os fármacos tradicional-
sua utilização em idosos é altamente recomendada 18,47 . mente utilizados no apoio à cessação tabágica têm segu-
47
Os DPI são de mais fácil utilização, pois são ativados rança e eficácia equivalente no idoso .
pela respiração, logo requerem menor coordenação. No O exercício físico é muito importante nos doentes
entanto, um número significativo de idosos não tem flu- com patologia respiratória crónica, estando demonstra-
xo inspiratório suficiente para ativar o sistema. Adicio- do que melhora a qualidade de vida também no asmático
54
nalmente, muitos doentes queixam -se de dificuldade em idoso . Contudo, uma vez que a implementação de al-
perceber se inalaram ou não o fármaco 18,34 . terações no estilo de vida do idoso é frequentemente
A avaliação da função cognitiva é essencial em idosos difícil, estes programas podem não ser bem -sucedidos
nos quais a aerossolterapia está a ser considerada. Nos em alguns casos .
46
casos em que se verifica incapacidade de utilização dos
dispositivos mais simples, como por exemplo em doentes
com perturbações cognitivas, o uso de sistemas de ne- Quadro 3. Principais comorbilidades relacionadas com a asma 55
bulização pode ser uma opção . Os nebulizadores não
53
Mais frequentes:
requerem cooperação ou coordenação do doente, tor-
• Rinite crónica
nando mais fácil a administração dos fármacos. Contudo,
Alérgica
não há evidência de que os nebulizadores sejam melhores Não alérgica
do que os MDI no tratamento da asma, particularmente Associada a pólipos nasais e à hipersensibilidade a AINE
• Rinossinusite crónica
quando estes são usados em câmara expansora . De • Doença do refluxo gastroesofágico
18
referir que os nebulizadores ultrassónicos apenas estão • Síndrome da apneia obstrutiva do sono e outros
distúrbios respiratórios do sono
indicados quando o objetivo é a humidificação das vias
• Psicopatologias, principalmente depressão e ansiedade
respiratórias, e somente os nebulizadores pneumáticos • Infeções respiratórias recorrentes ou crónicas
devem ser utilizados para administração de fármacos . • Doença pulmonar obstrutiva crónica
53
• Disfunção das cordas vocais
• Distúrbios hormonais
Controlo dos desencadeantes e papel • Obesidade
das comorbilidades • Tabagismo
• Osteoporose
Na asma, em qualquer idade, é essencial a educação
Prevalência possivelmente aumentada
com o objetivo de evitar os desencadeantes das agudiza-
ções. Embora os aeroalergénios sejam menos importan- • Hipertensão arterial, doença isquémica, arritmia e
insuficiência cardíaca
tes no idoso, em doentes com sensibilidade conhecida a • Doença cerebrovascular / aterosclerose
alergénios específicos devem ser instituídas medidas de • Diabetes mellitus tipo 2
• Doença articular degenerativa / artrite
47
controlo ambiental .
199
REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA