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Cíntia Cruz, Luís Cruz, Rute Reis, Filipe Inácio, Manuel Veríssimo
As comorbilidades, comuns no idoso, podem alterar com 3678 indivíduos com 65 anos ou mais, através de um
a história natural da asma, complicar o seu controlo e questionário. A prevalência estimada do diagnóstico de
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aumentar o risco de interações medicamentosas 29,32 . rinite em idosos foi de 29,8% .
Além disso, do ponto de vista do doente, existe uma A rinite tem um impacto significativo na qualidade de
dificuldade adicional em cumprir os vários esquemas po- vida dos doentes, sendo causa frequente de distúrbios do
sológicos. As comorbilidades mais frequentes encontram- sono. No idoso, este efeito é particularmente importante,
-se listadas no Quadro 3. Vários estudos encontraram dado que a insónia altera processos fisiológicos, como o
também uma associação entre a perda de controlo da metabolismo da glicose, a cognição e o controlo do apetite.
asma e as várias comorbilidades. Assim, o tratamento Outras consequências frequentes incluem cefaleias, dificul-
adequado destas pode contribuir de forma eficaz para o dades na concentração e irritabilidade. Estes sintomas podem
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controlo da asma. A DRGE é exemplo óbvio desta asso- interferir nas atividades de vida diária, trabalho e lazer .
ciação, assim como a rinite alérgica. Por outro lado, o
tratamento inadequado de outras comorbilidades, como Manifestações clínicas e diagnóstico diferencial
a hipertensão arterial, a insuficiência cardíaca ou o glau- A rinite carateriza -se por sintomas de obstrução na-
coma, pode levar ao agravamento da asma . sal, rinorreia, prurido e espirros. Na população geriátri-
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ca associam -se também frequentemente a formação de
crostas intranasais, a hipo/anosmia, a secura nasal e a
RINITE ALÉRGICA tosse 16,56 . Não é possível distinguir inequivocamente en-
tre rinite alérgica e não alérgica com base apenas na clí-
A rinite define -se como uma inflamação da mucosa nica. Contudo, na rinite não alérgica há menor frequência
nasal e carateriza -se por sintomas de congestão nasal, de espirros e prurido, os sintomas podem ser perenes
rinorreia (anterior e posterior), prurido nasal e espirros. ou esporádicos sem sazonalidade clara e podem ser exa-
Pode ser dividida genericamente em duas grandes cate- cerbados por desencadeantes inespecíficos, como cheiros
gorias: alérgica e não alérgica. A rinite alérgica é a forma fortes, alimentos, emoções ou mudanças climatéricas .
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mais comum de rinite não infeciosa e está associada a
uma resposta imune mediada por IgE, desencadeada por
Quadro 4. Diagnóstico diferencial da rinite no idoso 16,56
diversos alergénios . A rinite não alérgica é caraterizada
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por sintomas semelhantes aos da rinite alérgica, mas que Rinite
não resultam de uma reação mediada pelo sistema imu-
• Alérgica
nitário. A prevalência de rinite não alérgica aumenta com • Idiopática
a idade; estima -se que nos doentes com mais de 50 anos • Gustativa
• Atrófica primária
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corresponda a mais de 60% dos casos de rinite . No • Com síndrome de eosinofilia (NARES)
idoso, são mais comuns os subtipos idiopático, atrófico • Infeciosa
primário, gustativo e induzido por fármacos . • Induzida por fármacos
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• Associada a doenças granulomatosas
A prevalência de rinite tem aumentado muito nos
Patologias que podem simular sintomas de rinite
últimos anos, constituindo um importante problema de
saúde pública nos países desenvolvidos. O subdiagnóstico • Pólipos nasais
• Fatores estruturais/mecânicos
é frequente e tem, assim, um grande impacto na qualida- • Neoplasia nasofaríngea
de de vida. Em Portugal, a prevalência da rinite no idoso • Rinorreia de líquido cefalorraquidiano
• Discinesia ciliar primária
foi avaliada num estudo transversal de base populacional
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA