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XXXVIII REUNIÃO ANUAL DA SPAIC / RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS E DOS POSTERS





                                                              água e ar frio são os principais fatores desencadeantes. A maio-
                       SESSÃO DE POSTERS VI                   ria dos doentes alcaçaram controlo da doença cumprindo me-
                          ALERGIA CUTÂNEA                     didas de evicção e terapêutica com AH, com melhoria na quali-
                                                              dade de vida.
            Dia: 8 de Outubro
            Horas: 08:30 – 10:00
            Sala: 3                                           PO 61 – Apresentação clínica e abordagem do
                                                              angioedema no serviço de urgência – Estudo
            Moderadoras: Natacha Santos, Susana Carvalho      retrospectivo de quatro anos
                                                                                       1
                                                                         1
                                                              M J Vasconcelos , L Carneiro -Leão , D Silva 1,2
            PO 60 – Urticária ao frio: Experiência de um serviço  1   Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar de São João,
                                          1
                      1
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            I Rosmaninho , J Barradas Lopes , M Vieira , A Moreira ,    Porto, PORTUGAL
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            A Guilherme , J Ferreira , I Lopes , JP Moreira da Silva 1  2   Imunologia Básica e Clínica, Departamento de Patologia,
            1   Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, EPE, Vila   Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto,
             Nova de Gaia, PORTUGAL                            PORTUGAL
            Introdução: A urticária ao frio (UF) é um tipo de urticaria cró-  O angioedema é uma condição aguda que se associa a recursos
            nica, indutível, potencialmente grave, com impacto na qualidade   frequentes ao serviço de urgência. Como tal, a sua correta aborda-
            de vida dos doentes.                              gem é essencial. Contudo, continuam a escassear fatores preditores
            Objetivo: Avaliar e caracterizar um grupo de doentes com diag-  de diagnóstico, abordagem e prognóstico no angioedema.
            nóstico de urticária ao frio.                     Neste estudo, pretendeu -se avaliar a apresentação clínica, abordagem
            Metodologia: Estudo retrospectivo de doentes seguidos em con-  e classificação de todos os doentes que recorreram ao serviço de
            sulta de Patologia Cutânea do CHVNG/E, de 2009 a 2016, com   urgência de um centro hospitalar universitário por angioedema nos
            diagnóstico de UF. Avaliaram ‑se dados demográficos, clínicos e   últimos quatro anos e, comparar as principais diferenças entre o
            diagnósticos. O diagnóstico foi estabelecido com base na história   angioedema mediado por histamina (AMH) e o angioedema não-
            clínica (HC), teste cubo do gelo (TCG) e/ou Temp Test®. Foi   -mediado por histamina (AnMH).
            avaliada a resposta à terapêutica com base na clínica, TCG e apli-  Todos os episódios do serviço de urgência do Centro Hospitalar
            cação de questionários (Teste de controlo da urticária (TCU) e   de São João ocorridos entre Janeiro de 2012 e Junho de 2016
            Dermatology Life Quality Index (DLQI)).           classificados como edema angioneurótico (ICD ‑9 995.1), edema
            Resultados: Foram incluídos 26 doentes, 69% do sexo feminino,   de laringe (ICD -9 478.6) ou edema da conjuntiva (ICD -9 372.73)
            mediana de idades 41 anos (5;77), mediana de idades do início de   foram revistos.
            sintomas 36 anos (4;42), média de duração da doença de 3.7 anos,   Dos 355 episódios de urgência avaliados, 309 apresentavam uma
            31% atópicos. Os fatores desencadeantes incluiram contacto com   história clínica compatível com angioedema. Após a avaliação dos
            água e ar frio em 96% (n=25), imersão em água fria em 65% (n=17),   dados demográficos e clínicos, foram classificados, segundo guide-
            contacto com superficies frias em 42% (n=11) e ingestão de co-  lines internacionais (Cicardi et al, 2014), em histaminérgicos idio-
            mida e/ou bebidas frias em 19% (n=5) dos doentes. A gravidade   páticos (22%), não histaminérgicos idiopáticos (13%), alérgicos
            da reação foi classificada em: tipo I, urticária/angioedema locali-  (16%), induzidos pelo inibidor da enzima conversora da angioten-
            zado, presente em 66% (n=17); tipo II, urticária/angioedema ge-  sina (23%), hereditários por défice do inibidor de C1 (8%) e não
            neralizado sem hipotensão em 19% (n=5); e tipo III, reacção   classificáveis (17%). Posteriormente, para comparação foram agru-
            sistémica grave, em 15% (n=4) dos doentes. O TCG foi realizado   pados em AMH e AnMH.
            em todos os doentes e concordante com o Temp Test®. As   A mediana de idade foi de 49 anos, 59% eram do sexo feminino
            formas adquiridas idiopáticas estiveram presentes em 65% dos   sendo que a maioria dos doentes (55%) foi triada como muito
            doentes (n=17), as atípicas em 27% (n=7). As formas secundárias   urgente segundo o sistema de triagem de Manchester. Os doentes
            incluíram 1 doente com crioglobulinémia primária e outro com   com AMH foram mais frequentemente do sexo feminino (p=0,032),
            infecção pelo VIH. A urticária ao frio adquirida atípica associou-  mais jovens (p=0,002) e apresentavam uma maior prevalência de
            -se a um aparecimento dos sintomas mais precoces (p = 0.006).   rinossinusite (p 0,004). Os doentes com AnMH foram mais vezes
            A mediana do seguimento foi de 7 meses (1;7). Medidas de evic-  avaliados pelas especialidades de otorrinolaringologia (p 0,011) e
            ção e o tratamento com antihistaminicos (AH) foram instituídos   imunoalergologia (p 0,020). A sintomatologia foi semelhante nos
            em todos os doentes, como terapêutica de alívio em 23% (n=6),   dois grupos diferindo apenas a localização do angioedema, com a
            1 vez/dia em 54% (n=14), 2 vezes/dia em 19% (n=5) e 4 vezes/dia   língua a ser mais afectada no AMH e o pescoço e região faringo-
            num doente. Setenta e três melhoraram, 8% resolveram e os   laríngea no AnMH..
            restantes mantiveram queixas (avaliado pela HC, TCG, TCU e   A apresentação clínica, idade, localização do angioedema e co-
            DLQI).                                            -morbilidades diferem entre o AMH e o AnMH. Estes indicadores
            Conclusão: Na urticária ao frio, as reações tipo I e as formas   clínicos podem ser úteis no diagnóstico e orientação do plano
            adquiridas idiopáticas são as mais comuns e o contacto com a   terapêutico destes doentes em contexto de urgência.


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            REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA
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