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XXXVIII REUNIÃO ANUAL DA SPAIC / RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS E DOS POSTERS
sul da Europa, estas reações devem -se mais frequentemente à agudo de dispneia, voz nasalada, rinorreia ântero -posterior, pru-
sensibilização a nsLTPs, mas não exclusivamente. rido naso -ocular, epigastralgia e náuseas, alguns minutos após
Caso clínico: Apresenta -se o caso de um menino de 9 anos, iniciar refeição de sushi. Refere ter ingerido, antes do início do
natural de Portalegre, saudável até aos 2 anos de idade, altura em quadro, arroz, salmão, ovas de salmão, wasabi, soja e gengibre.
que a mãe refere prurido nasal, esternutos e rinorreia anterior Estas queixas motivaram observação na urgência, onde foi, ainda,
serosa de agravamento na primavera e também episódios auto- documentado edema da úvula. Foi medicado com adrenalina im,
-limitados de vómitos cerca de duas horas após ingestão de amen- corticóide e anti -histamínico ev, com resolução da sintomatologia.
doim. Aos 5 anos, após ingestão de caju pela primeira vez, mani- Nega relação das queixas com outros alimentos, fármacos, exer-
festou quadro de tosse, sensação de corpo estranho na cício ou infeção. Da investigação imunoalergológica destaca -se
orofaringe, disfonia, vómitos e diarreia, e depois lesões maculo- testes cutâneos em picada (TCP) com extratos de alimentos ne-
-papulares eritematosas pruriginosas dispersas por todo o tegu- gativos para salmão e outros peixes, mariscos, soja, arroz e ovo
mento. Descreve -se ainda um episódio adicional de vómitos cerca (total, clara, gema, ovalbumina, ovomucóide). Os TCP com alimen-
de duas horas após a ingestão de kiwi. Na consulta de Imunoaler- tos em natureza foram negativos para ovo (total, clara e gema),
gologia realizou testes cutâneos por picada, os quais foram posi- gengibre, salmão, ovas de peixe -voador (tobiko), ovas de esturjão
tivos com extrato comercial para morango, amêndoa, avelã e (caviar) e ovas de peixe -espada e positivos para ovas de salmão
castanha; e apenas com alimento em natureza para ameixa (pele (17x10 mm). No estudo “in vitro”, verificou ‑se IgE específica (sIgE)
e polpa), pêssego (pele e polpa), maçã (pele e polpa), cereja (pele para ovas de salmão (ImmunoCAP -Phadia) 0,28 kUA/L. Numa
e polpa), pêra (polpa), tomate (pele e polpa), uva (pele e polpa), segunda tentativa de quantificação da sIgE, observou ‑se uma maior
kiwi, nêspera (pele e polpa), figo, noz, amendoim e ervilha. Apre- absorvância do soro do doente comparativamente ao soro de
sentava doseamentos muito elevados de IgE ‑específicas para pês- controlos atópicos sem alergia às ovas (Enzymo AllergoSorbent
sego, maçã, cereja, amêndoa, avelã, castanha, noz, caju, amendoim, Test -EAST -Roxall®). sIgE para salmão e outros peixes negativas.
fava, sésamo e soja, entre outros. O ImmunoCAP ISAC® revelou No SDS -PAGE Immunobloting efetuado com extrato de ovas de
positividade para proteínas da família das LTPs, mas em muito salmão (Roxall®) detetou -se sIgE para uma proteína de 20kDa das
maior expressão para proteínas da família PR -10, incluindo Bet v1, ovas de salmão que poderá corresponder a uma lipovitelina, pro-
Pru p1, Mal d1, Cor a 1.0401, Ara h8 e Gly m4. Foi identificada, teína possivelmente implicada na reação alérgica. O doente tolerou
ainda, sensibilização à taumatina -like Act d2. posteriormente salmão (peixe) e outras ovas (tobiko, caviar e
Conclusão: A bétula ou vidoeiro é uma árvore presente nas ter- peixe -espada). Não se realizou prova de provocação com ovas de
ras altas do norte e centro de Portugal. Assim, nestas localizações salmão dado a gravidade da reação.
geográficas, a SAO por sensibilização a PR ‑10 pode ser mais fre- Conclusão: Descreve -se o caso de um doente com alergia grave
quente. A imunoterapia com Bet v1 tem sido sugerida como po- a ovas de salmão sem alergia concomitante ao peixe, tendo o
tencial intervenção terapêutica nos doentes com síndrome pólen- diagnóstico sido estabelecido pela clínica, testes in vivo e in vitro.
-frutos por reatividade cruzada entre proteínas da família PR -10, Os autores acreditam que seja o primeiro caso descrito em Por-
embora a sua eficácia não esteja comprovada. tugal e alertam para a importância desde alergénio dada a difusão
do consumo de sushi no ocidente.
PO 52 – Ovas de salmão: Alergénio emergente do
oriente para o ocidente PO 53 – Anafilaxia a exenatido – A propósito de um
2
1
1
J Cosme , A Spínola -Santos , B Bartolomé , M Branco- caso clínico
3,4
1,3
1
-Ferreira , MC Pereira -Santos , M Pereira -Barbosa 1,3 C Ornelas , A Lopes , MP Barbosa 1,2
1
1 Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro 1 Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Santa Maria, Centro
Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, PORTUGAL Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, PORTUGAL
2 R&D Department, Roxall, Bilabao, SPAIN 2 Clínica Universitária de Imunoalergologia, Faculdade de
3 Clínica Universitária de Imunoalergologia, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Lisboa, PORTUGAL
Medicina, Universidade de Lisboa, Lisboa, PORTUGAL
4 Unidade de Imunologia Clínica, Instituto de Medicina Introdução: O exenatido é um agonista do recetor do péptido -1
Molecular, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, similar ao glucagon (GLP -1), com ação hipoglicemiante, sendo uma
Lisboa, PORTUGAL alternativa terapêutica no controlo da diabetes tipo 2. A formula-
ção de libertação prolongada (Bydureon®) permite a administra-
Introdução: A alergia às ovas de salmão sem sensibilização ao ção subcutânea semanalmente. Reações de hipersensibilidade
peixe está raramente descrita nos países do ocidente ao contrário descritas a este fármaco são muito raras. Apresenta -se um caso
do oriente. Os estudos sobre a sua alergenicidade são reduzidos. clínico de anafilaxia a exenatido de libertação prolongada.
Objetivo: Descrição de um caso de alergia a ovas de salmão sem Caso Clínico: Mulher de 66 anos, com diabetes tipo 2 tratada
alergia ao peixe. com insulina e antidiabéticos orais, dislipidémia, hipertensão ar-
Caso clínico: Doente do sexo masculino, 26 anos, com rinite e terial e hipotiroidismo, que iniciou terapêutica em maio 2016, por
asma alérgicas a ácaros do pó doméstico. Em 2015, teve episódio mau controlo glicémico, com exenatido de libertação prolongada
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA

