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XXXVIII REUNIÃO ANUAL DA SPAIC / RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS E DOS POSTERS
PO 49 – Um caso raro de enterocolite atípica à farinha inferior a três anos. A evicção das PLV é um procedimento de
de arroz difícil cumprimento tendo em conta a utilização generalizada do
1
T Gonçalves , P Leiria Pinto 1 leite de vaca na nossa dieta. Mas os cuidados na evicção das PLV
1 Hospital de Dona Estefânia, Lisboa, PORTUGAL não se devem restringir apenas aos alimentos.
Caso Clínico: Os autores descrevem um caso clínico de um lac-
A alergia ao arroz é rara na criança e manifesta -se habitualmente tente de 7 meses de idade, sexo masculino, referenciado à consul-
por um quadro de enterocolite induzida por proteína alimentares ta de imunoalergologia por suspeita de APLV. Dos antecedentes
(FPIES). O papel da IgE na fisiopatologia desta entidade não está pessoais salienta -se o aleitamento materno exclusivo até aos 4
ainda estabelecido, sendo muito rara a detecção da presença de meses. Nesta idade, imediatamente após a 1.ª toma de leite adap-
IgE específicas para o arroz e considerando ‑se esses casos de tado (Aptamil® 1), desenvolveu episódio de urticária perioral, com
“atípicos”. Os autores apresentam um caso de um lactente de 7 resolução espontânea em 30 minutos. Apresentou vários episódios
meses com FPIES atípica, devida à ingestão de arroz. subsequentes reprodutíveis, sem queixas de outros sistemas. Por
Nos antecedentes familiares destaca -se irmão de 4 anos com an- este motivo interrompeu esta fórmula e iniciou leite parcialmente
tecedentes de alergia às proteínas do leite de vaca ultrapassada hidrolisado alternado com aleitamento materno, com boa tolerân-
aos 3 anos de vida. cia. Foi realizado doseamento de IgE específica para leite de vaca
Aos 4 meses, sob aleitamento materno, após ingestão de papa não e frações que foi negativo. Aos 7 meses, imediatamente após a
láctea com farinha de arroz, reconstituída com leite hipoalergéni- aplicação de bálsamo gengival, iniciou episódios de urticária perio-
co, tem quadro de vómitos imediatos, pelo que é aconselhado adiar ral reprodutíveis, idênticos aos observados com PLV, com resolu-
a re -exposição à papa. Aos 6 meses, ingere novamente papa não ção espontânea em < 60 minutos. Na consulta de imunoalergolo-
láctea reconstituída com leite materno com farinhas de arroz, gia constatou -se que nos ingredientes do bálsamo estavam
milho, centeio, aveia, cevada e trigo e cerca de 3 a 4 horas após incluídas proteínas do leite sob designação em língua inglesa de
inicia quadro de vómitos incoercíveis, palidez, condicionando re- “Lactis protein”. O lactente realizou testes cutâneos por picada
curso ao Serviço de urgência onde faz hidratação por via endove- (TCP) para leite e suas frações proteicas e com o bálsamo, que
nosa, com recuperação em algumas horas. Negava manifestações foram positivos para beta -lactoglogulina, alfa -lactalbumina e para
cutâneas ou respiratórias associadas. o bálsamo. Foram realizados TCP com o gel em 5 controlos ató-
É referenciado à consulta de Imunoalergologia, onde realiza testes picos, todos negativos. Foi dada indicação para evicção absoluta
cutâneos por picada (TCP) com leite de vaca, arroz, farinhas de de PLV e dieta com leite extensamente hidrolisado como alterna-
milho, centeio, aveia e trigo, que foram positivos (pápula com tiva ao leite materno.
diâmetro médio de 4 mm e com eritema) apenas para o arroz. O Conclusão: Apresentamos um caso de um lactente com diagnós-
doseamento de IgE especificas foi negativo para o leite de vaca e tico de APLV, com reação alérgica a um bálsamo gengival motiva-
de 1.39KUA/L para o arroz, tendo sido recomendada dieta com da pela presença de PLV na sua constituição. Os factos apresenta-
evicção do arroz. dos ilustram a dificuldade na implementação de evicção total de
Este caso é importante porque alerta para a importância da sus- alergénios alimentares comuns, bem como a necessidade de me-
peição do diagnóstico desta entidade rara, FPIES, através da clíni- lhorar a sua rotulagem, particularmente em produtos não alimen-
ca, que neste caso foi atípica, quer pelo início imediato da primei- tares. Neste caso particular, o facto de estarem identificados em
ra reação quer pela positividade dos TCP e das IgE específicas para língua estrangeira e não merecerem nenhum destaque relativa-
o arroz. Atendendo à gravidade da reação e à presença de IgE mente aos outros ingredientes dificultou a sua identificação.
específicas não foi efectuada prova de provocação, de momento.
Realça -se ainda a possibilidade de alimentos aparentemente hipoa-
lergénicos como o arroz poderem levar ao desenvolvimento de PO 51 – Um caso simples de síndrome pólen -alimentos?
respostas alérgicas, sendo importante conhecer as manifestações – Importância do diagnóstico molecular
1,3
usuais dos quadros de alergia associados aos diferentes alimentos Ruben Duarte Ferreira 1,2,3 , Sara Carvalho , Fátima Cabral
2,3
1,3
para suspeitar, diagnosticar e implementar a rápida evicção. Duarte , Conceição Pereira Santos , Manuel Pereira Barbosa 1,3
1 Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar de Lisboa
Norte, Lisboa, PORTUGAL
PO 50 – Alergia ao bálsamo gengival num lactente com 2 Laboratório de Imunologia Clínica, Faculdade de Medicina da
alergia às proteínas do leite de vaca Universidade de Lisboa, Instituto de Medicina Molecular,
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1
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M Fernandes , A Palhinha , D Pina Trincão , M Paiva , P Leiria Pinto 1 Lisboa, PORTUGAL
1 Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro 3 Centro Académico de Medicina de Lisboa, Lisboa, PORTUGAL
Hospitalar Lisboa Central EPE, Lisboa, PORTUGAL
2 Unidade de Imunoalergologia, Hospital Dr. Nélio Mendonça, Introdução: A síndrome de alergia oral (SAO) caracteriza reações
SESARAM EPE, Funchal, PORTUGAL alérgicas que habitualmente ocorrem após a ingestão de alimentos
de origem vegetal em doentes sensibilizados a pólenes, através de
Introdução: A alergia às proteínas do leite de vaca (APLV) cons- mecanismos de reatividade cruzada. As reações podem ser sisté-
titui a alergia alimentar mais frequente em crianças com idade micas em 2 a 10% dos doentes, incluindo casos de anafilaxia. No
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA

