Page 93 - RPIA_25-3
P. 93

XXXVIII REUNIÃO ANUAL DA SPAIC / RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS E DOS POSTERS





          (Bydureon® 2mg/semana). Em março 2017 apresentou quadro de   súbita, prurido palmo -plantar, dispneia e urticária generalizada. O
          início súbito de urticária generalizada, aperto orofaríngeo, disfonia,   segundo episódio ocorreu poucos minutos após toma de 90mg de
          edema da úvula e vómitos. Sintomas surgiram 10 minutos após   etoricoxib; não recordava fatores precipitantes para o primeiro
          administração subcutânea de Bydureon®, sem toma concomitan-  episódio, embora referisse tomar frequentemente etoricoxib. Re-
          te de outros fármacos, ingestão de alimentos ou contexto infecio-  feria tolerância prévia para etoricoxib, paracetamol, diclofenac e
          so conhecido. Recorreu a Serviço de Urgência, tendo sido admi-  ibuprofeno. Antecedentes apenas de rinite alérgica intermitente.
          nistrada terapêutica endovenosa (corticóides e anti -histamínicos)   Foi realizada prova de provocação oral diagnóstica e cerca de 1
          com melhoria rápida. Teve alta após 12 horas de vigilância, assin-  hora após toma da dose cumulativa de 120mg de etoricoxib iniciou
          tomática, com indicação para evicção do fármaco e referenciada   prurido palmo -plantar, prurido orofaríngeo, edema labial e disp-
          a consulta de imunoalergologia. Em junho 2017 realizou testes   neia, que reverteram após adrenalina 0,5mg intramuscular, anti-
          cutâneos com exenatido (2mg/0,65mL): testes cutâneos por pica-  ‑histamínico e corticóide orais. Posteriormente, para confirmação
          da (TCP) – negativos; testes intradérmicos (TID) – positivos para   de tolerância para outros AINEs, foi realizada prova de provocação
          a diluição de 1/100, com manifestação de prurido palmar no mem-  oral com ácido acetilsalicílico em dose cumulativa de 500mg que
          bro superior homolateral. TID com exenatido foram realizados   foi negativa.
          em 5 controlos saudáveis sem exposição prévia ao fármaco, sendo   Resultados: Para melhor caracterização da situação clínica, dada
          negativos em todos. Não foi realizada prova de provocação por   a sua raridade, foi solicitado à doente, e consentida, a realização
          reação anafilática prévia. Ficou com indicação para evicção de exe-  de exames adicionais. Os testes cutâneos por picada foram nega-
          natido, estando atualmente, por decisão de endocrinologista, com   tivos; os níveis de triptase basais eram normais. Foi realizado tes-
          glicemias estáveis com ajuste da dose de insulinoterapia e antidia-  te de ativação de basófilos, que foi positivo com uma percentagem
          béticos orais.                                    de basófilos activados após estimulação com etoricoxib >5% e
          Conclusão: Apesar de os agonistas dos recetores GLP -1 já serem   índice de estimulação >2.
          utilizados há alguns anos, reações de hipersensibilidade reportadas   Discussão: Apesar de o etoricoxib ser uma alternativa geralmen-
          têm sido muito raras. De acordo com uma revisão da literatura,   te segura em doentes com RH a AINEs, não pode ser garantida à
          os autores descrevem o 3.º caso clínico de reação de hipersensi-  priori a sua tolerância, sendo mandatória a realização de prova de
          bilidade a exenatido (2.º caso de anafilaxia), com investigação diag-  provocação oral em ambiente hospitalar. Pela sua raridade, uma
          nóstica sugestiva de um mecanismo IgE -mediado. É importante ter   RH ao etoricoxib pode passar despercebida, motivo pelo qual se
          em consideração a possibilidade e gravidade destas reações, aten-  torna relevante a sua divulgação.
          dendo ao uso crescente destes fármacos e a auto -administração
          no domicílio pelos doentes.
                                                            PO 55 – Hipersensibilidade a cefalosporinas – Caso clínico
                                                                  1
                                                                          1
                                                            S Farinha , E Tomaz , F Inácio 1
          PO 54 – Anafilaxia seletiva ao Etoricoxib – Caso clínico  1   Serviço de Imunoalergologia. Centro Hospitalar de Setúbal,
                1
                               2
          M Couto , R López -Salgueiro , A Gaspar 3          EPE, Setúbal, PORTUGAL
          1   Unidade de Imunoalergologia, Hospital & Instituto CUF Porto;
           CINTESIS, Porto, PORTUGAL                        Introdução: As cefalosporinas estão entre os antibióticos mais
          2   Departamento de Alergia e Laboratório de Alergia, Hospital   utilizados no tratamento de infecções bacterianas e o seu uso está
           Universitário e Politécnico La Fé, Valência, SPAIN  a aumentar significativamente. A prevalência estimada de hiper-
          3   Centro de Imunoalergologia, Hospital CUF Descobertas,   sensibilidade às cefalosporinas é de 1% a 3% na população geral,
           Lisboa, PORTUGAL                                 podendo estar em causa reações de hipersensibilidade imediata
                                                            ou não -imediata. A alergia à cefalosporina pode ocorrer a uma
          Introdução: Os anti ‑inflamatórios não ‑esteróides (AINEs) são   cefalosporina específica, a um grupo de cefalosporinas, ou como
          uma das principais causas de reações de hipersensibilidade (RH)   uma reação cruzada a outros antibióticos B -lactâmicos. A maioria
          imediatas  a  fármacos.  A  utilização  de  inibidores  seletivos  da   das reações cruzadas entre cefalosporinas ou entre estas e as
          ciclooxigenase -2 (COX -2) como alternativa aos restantes AINEs   penicilinas têm sido atribuídas à similaridade das cadeias laterais
          foi reconhecida como segura em doentes com reações cutâneas,   R1. No entanto outras estruturas moleculares podem levar a rea-
          e em meta -análise recente também na doença respiratória exa-  ções cruzadas, que se manifestam com diferentes padrões. Apre-
          cerbada por AINEs. Em especial o etoricoxib é considerado geral-  sentamos o caso clínico de um doente com alergia à cefoxitina e
          mente seguro.                                     um padrão menos habitual de reações cruzadas.
          Objectivo: Apresentar um caso ‑clínico de anafilaxia seletiva ao   Caso Clínico: Paciente do sexo masculino, 64 anos de idade,
          etoricoxib (comprovada por teste de ativação de basófilos e pro-  caucasiano, referenciado à consulta de Imunoalergologia por epi-
          va de provocação oral diagnóstica) com tolerância aos restantes   sódio de anafilaxia associado a administração de cefoxitima. Rea-
          AINEs, e discutir as suas implicações clínicas.   lizou testes cutâneos prick com cefoxitina. Na concentração de
          Caso -clínico: Mulher de 49 anos, referenciada à consulta de Imu-  2mg/mL verificou ‑se a formação de uma pápula com 15 mm de
          noalergologia após ter recorrido ao serviço de urgência duas vezes   diâmetro e uma reacção anafilática de grau I. Os testes cutâneos
          por episódios de anafilaxia. Os sintomas incluíam dor epigástrica   foram também positivos para a cefuroxima e o ceftriaxone. Foram


                                                                                                              219

                                             REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA
   88   89   90   91   92   93   94   95   96   97   98