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XXXVIII REUNIÃO ANUAL DA SPAIC / RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS E DOS POSTERS
(Bydureon® 2mg/semana). Em março 2017 apresentou quadro de súbita, prurido palmo -plantar, dispneia e urticária generalizada. O
início súbito de urticária generalizada, aperto orofaríngeo, disfonia, segundo episódio ocorreu poucos minutos após toma de 90mg de
edema da úvula e vómitos. Sintomas surgiram 10 minutos após etoricoxib; não recordava fatores precipitantes para o primeiro
administração subcutânea de Bydureon®, sem toma concomitan- episódio, embora referisse tomar frequentemente etoricoxib. Re-
te de outros fármacos, ingestão de alimentos ou contexto infecio- feria tolerância prévia para etoricoxib, paracetamol, diclofenac e
so conhecido. Recorreu a Serviço de Urgência, tendo sido admi- ibuprofeno. Antecedentes apenas de rinite alérgica intermitente.
nistrada terapêutica endovenosa (corticóides e anti -histamínicos) Foi realizada prova de provocação oral diagnóstica e cerca de 1
com melhoria rápida. Teve alta após 12 horas de vigilância, assin- hora após toma da dose cumulativa de 120mg de etoricoxib iniciou
tomática, com indicação para evicção do fármaco e referenciada prurido palmo -plantar, prurido orofaríngeo, edema labial e disp-
a consulta de imunoalergologia. Em junho 2017 realizou testes neia, que reverteram após adrenalina 0,5mg intramuscular, anti-
cutâneos com exenatido (2mg/0,65mL): testes cutâneos por pica- ‑histamínico e corticóide orais. Posteriormente, para confirmação
da (TCP) – negativos; testes intradérmicos (TID) – positivos para de tolerância para outros AINEs, foi realizada prova de provocação
a diluição de 1/100, com manifestação de prurido palmar no mem- oral com ácido acetilsalicílico em dose cumulativa de 500mg que
bro superior homolateral. TID com exenatido foram realizados foi negativa.
em 5 controlos saudáveis sem exposição prévia ao fármaco, sendo Resultados: Para melhor caracterização da situação clínica, dada
negativos em todos. Não foi realizada prova de provocação por a sua raridade, foi solicitado à doente, e consentida, a realização
reação anafilática prévia. Ficou com indicação para evicção de exe- de exames adicionais. Os testes cutâneos por picada foram nega-
natido, estando atualmente, por decisão de endocrinologista, com tivos; os níveis de triptase basais eram normais. Foi realizado tes-
glicemias estáveis com ajuste da dose de insulinoterapia e antidia- te de ativação de basófilos, que foi positivo com uma percentagem
béticos orais. de basófilos activados após estimulação com etoricoxib >5% e
Conclusão: Apesar de os agonistas dos recetores GLP -1 já serem índice de estimulação >2.
utilizados há alguns anos, reações de hipersensibilidade reportadas Discussão: Apesar de o etoricoxib ser uma alternativa geralmen-
têm sido muito raras. De acordo com uma revisão da literatura, te segura em doentes com RH a AINEs, não pode ser garantida à
os autores descrevem o 3.º caso clínico de reação de hipersensi- priori a sua tolerância, sendo mandatória a realização de prova de
bilidade a exenatido (2.º caso de anafilaxia), com investigação diag- provocação oral em ambiente hospitalar. Pela sua raridade, uma
nóstica sugestiva de um mecanismo IgE -mediado. É importante ter RH ao etoricoxib pode passar despercebida, motivo pelo qual se
em consideração a possibilidade e gravidade destas reações, aten- torna relevante a sua divulgação.
dendo ao uso crescente destes fármacos e a auto -administração
no domicílio pelos doentes.
PO 55 – Hipersensibilidade a cefalosporinas – Caso clínico
1
1
S Farinha , E Tomaz , F Inácio 1
PO 54 – Anafilaxia seletiva ao Etoricoxib – Caso clínico 1 Serviço de Imunoalergologia. Centro Hospitalar de Setúbal,
1
2
M Couto , R López -Salgueiro , A Gaspar 3 EPE, Setúbal, PORTUGAL
1 Unidade de Imunoalergologia, Hospital & Instituto CUF Porto;
CINTESIS, Porto, PORTUGAL Introdução: As cefalosporinas estão entre os antibióticos mais
2 Departamento de Alergia e Laboratório de Alergia, Hospital utilizados no tratamento de infecções bacterianas e o seu uso está
Universitário e Politécnico La Fé, Valência, SPAIN a aumentar significativamente. A prevalência estimada de hiper-
3 Centro de Imunoalergologia, Hospital CUF Descobertas, sensibilidade às cefalosporinas é de 1% a 3% na população geral,
Lisboa, PORTUGAL podendo estar em causa reações de hipersensibilidade imediata
ou não -imediata. A alergia à cefalosporina pode ocorrer a uma
Introdução: Os anti ‑inflamatórios não ‑esteróides (AINEs) são cefalosporina específica, a um grupo de cefalosporinas, ou como
uma das principais causas de reações de hipersensibilidade (RH) uma reação cruzada a outros antibióticos B -lactâmicos. A maioria
imediatas a fármacos. A utilização de inibidores seletivos da das reações cruzadas entre cefalosporinas ou entre estas e as
ciclooxigenase -2 (COX -2) como alternativa aos restantes AINEs penicilinas têm sido atribuídas à similaridade das cadeias laterais
foi reconhecida como segura em doentes com reações cutâneas, R1. No entanto outras estruturas moleculares podem levar a rea-
e em meta -análise recente também na doença respiratória exa- ções cruzadas, que se manifestam com diferentes padrões. Apre-
cerbada por AINEs. Em especial o etoricoxib é considerado geral- sentamos o caso clínico de um doente com alergia à cefoxitina e
mente seguro. um padrão menos habitual de reações cruzadas.
Objectivo: Apresentar um caso ‑clínico de anafilaxia seletiva ao Caso Clínico: Paciente do sexo masculino, 64 anos de idade,
etoricoxib (comprovada por teste de ativação de basófilos e pro- caucasiano, referenciado à consulta de Imunoalergologia por epi-
va de provocação oral diagnóstica) com tolerância aos restantes sódio de anafilaxia associado a administração de cefoxitima. Rea-
AINEs, e discutir as suas implicações clínicas. lizou testes cutâneos prick com cefoxitina. Na concentração de
Caso -clínico: Mulher de 49 anos, referenciada à consulta de Imu- 2mg/mL verificou ‑se a formação de uma pápula com 15 mm de
noalergologia após ter recorrido ao serviço de urgência duas vezes diâmetro e uma reacção anafilática de grau I. Os testes cutâneos
por episódios de anafilaxia. Os sintomas incluíam dor epigástrica foram também positivos para a cefuroxima e o ceftriaxone. Foram
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA

