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XXXVIII REUNIÃO ANUAL DA SPAIC / RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS E DOS POSTERS
negativos os testes com misturas de alérgénios major e minor da a 30%, pelo que se admitiu o diagnóstico de SK tipo II, como
penicilina, penicilina, ampicilina, e amoxicilina/clavulanato. Realizou consequência duma alergia ao Metamizol. Iniciou tratamento com
doseamento de IgE específicas para Amoxiciloil (0,07 kUA/l), Am- nitratos, amlodipina, clemastina e prednisolona. As alterações no
piciloil (0,06 kUA/l), Peniciloil (0,00 kUA/l) e Cefaclor (0,02 kUA/l). ECG reverteram ao fim de 48 horas e o ecocardiograma, ao fim
O Teste de Ativação de Basófilos (TAB) para a cefuroxima foi de um mês, normalizou.
positivo. Foi decidido realizar prova de provocação oral com amo- Conclusão: O SK é uma emergência médica que se não for re-
xicilina/ácido clavulânico, tendo esta sido negativa para reação conhecido a tempo, pode tornar -se uma situação ameaçadora de
imediata e não -imediata. vida. Não existe consenso para o seu tratamento, e as recomen-
Conclusão: O caso relatado ilustra um quadro de hipersensibili- dações existentes baseiam -se em casos descritos na literatura. O
dade às cefalosporinas, evidenciando -se reação cruzada entre este seu diagnóstico deve ser tido em conta perante um doente sem
grupo de antibióticos e não se observando reação cruzada com as antecedentes cardiovasculares que desenvolva um SCA associado
aminopenicilinas. Neste caso o anel betalactâmico não pode ter a uma reação alérgica.
sido responsável pela reacção cruzada e, por outro lado, a seme-
lhança entre cadeias laterais verifica ‑se a nível das cadeias em po-
sição R2 da cefoxitina e da cefuroxima. Este é um padrão pouco PO 57 – Síndrome de hipersensibilidade a múltiplos
comum de sensibilização cruzada entre antibióticos betalactâmicos. fármacos, incluindo antihistamínicos e corticosteróides,
em doente com diagnóstico de asma e urticária crónica
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J Barradas Lopes , S Cadinha , D Malheiro , L Brosseron , JP
PO 56 – Relato de um caso de Síndrome de Kounis Moreira da Silva 1
– Importância de saber reconhecer 1 Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, Vila Nova de
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C Coutinho , M Neto , J Rodrigues , M Pereira Barbosa 1 Gaia, PORTUGAL
1 Serviço de Imunoalergologia, Hospital Santa Maria, Centro
Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, PORTUGAL Introdução: O síndrome de hipersensibilidade a múltiplos fárma-
2 Serviço de Medicina 3A, Hospital Pulido Valente, Centro cos (SHMF) caracteriza -se por alergia a dois ou mais grupos de
Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, PORTUGAL fármacos diferentes, sendo os mais frequentemente implicados os
antibióticos e anti ‑inflamatórios não esteróides (AINEs). As rea-
Introdução: O Síndrome de Kounis (SK) caracteriza -se pela ocor- ções de hipersensibilidade (RH) a antihistamínicos (AH) e corti-
rência de um síndrome coronário agudo (SCA) no contexto de costeróides (CCT) não são frequentes, o que torna a suspeição
uma reacção alérgica concomitante. É uma entidade rara, pouco clínica menos provável e o tratamento das doenças alérgicas mais
conhecida e frequentemente subdiagnosticada, levando por vezes complexo.
a tratamento desadequado. Resulta do vasospasmo coronário ou Caso clínico: Doente de 23 anos, sexo feminino, com asma per-
da ruptura de placa de ateroma, induzido pela histamina e por sistente moderada e urticária crónica e episódios repetidos de
outros mediadores inflamatórios libertados pelos mastócitos, no angioedema e exacerbação de urticária horas após administração
decorrer de uma reacção alérgica. A coronariografia pode docu- de diversos AH (Desloratadina, Loratadina, Cetirizina), CCT (Hi-
mentar a ausência de doença arterial coronária (tipo I), a presen- drocortisona, Metilprednisolona, Deflazacort) e AINEs (Parace-
ça de doença coronária pré -existente (tipo II) ou a trombose de tamol, Ibuprofeno, Flurbiprofeno). Os testes epicutâneos (TE) com
stent (tipo III). É causado por numerosos agentes como fármacos bateria de excipientes (Bial Aristegui®) e a prova de provocação
ou exposição ambiental (alimentos, picadas de insecto). Há que oral (PPO) com placebo foram negativos. Os testes cutâneos por
proceder ao tratamento da reacção alérgica e reestabelecer a picada (TCP) e intradérmicos (ID) com Hidroxizina e CCT sisté-
revascularização miocárdica. Podem ser utilizados anti -histamínicos micos disponíveis foram positivos para Hidroxizina (ID 5mg/mL);
bem como corticóides (apesar do seu efeito no atraso da cicatri- os TE com CCT foram negativos. As PPO com Desloratadina e
zação miocárdica). No caso de anafilaxia, há que ter em conta que Dimetindeno foram positivas, com aparecimento de angioedema
a adrenalina pode agravar a isquémia miocárdica e induzir arritmias. facial e urticária generalizada, cerca de 5 horas após terminar
Caso Clínico: Homem de 44 anos, sem antecedentes de risco prova. O teste de transformação linfocitária (TTL) foi positivo para
cardiovasculares, com suspeita de alergia ao Metamizol. Após tes- Desloratadina, Ebastina e Clemastina, duvidoso para Hidroxizina,
te cutâneo por picada e intra -dérmico negativo, realizou -se prova e negativo para os CCT sistémicos disponíveis. A PPO com De-
de provocação oral. Cerca de 10 minutos após primeira toma de xametasona foi negativa, no entanto, quando este fármaco foi
Metamizol (115mg), o doente refere quadro de dor pré -cordial administrado em contexto de internamento houve reação repro-
intensa e prurido generalizado, principalmente palmar e plantar. dutível. A PPO com Montelucaste foi positiva, pelo que iniciou
Laboratorialmente, apresentava troponina negativa e IgE aumen- Omalizumab 300mg para controlo de angioedema e urticária cró-
tada (131U/mL). O electrocardiograma (ECG) mostrava bloqueio nica. A dose foi reduzida para metade após a doente referir que
de ramo esquerdo de novo e supra desnivelamento ST. O ecocar- estava grávida. Desde a introdução desta terapêutica, houve me-
diograma revelou hipocinésia apical da parede inferior e septal- lhoria e posterior resolução de queixas cutâneas, sem registo de
‑inferior. A coronariografia demonstrou presença de placa excên- intercorrências durante a gravidez. Após início de Omalizumab foi
trica na artéria descendente anterior, condicionando lesão inferior efetuada PPO com Nimesulide e Prednisolona que foram negativas.
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