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XXXVIII REUNIÃO ANUAL DA SPAIC / RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS E DOS POSTERS
PO 66 – Urticária ao frio em idade pediátrica treino adicional na sua utilização; verificar qual o AIA preferido
– A propósito de 2 casos clínicos dos doentes.
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T Moscoso , N Santos , S Gomes 1 Métodos: Doentes a quem foi prescrito um AIA foram convidados
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1 Serviço de Pediatria – Hospital Espírito Santo Évora, Évora, a demonstrar o uso de AIA com um dispositivo simulador. Primei-
PORTUGAL ro, foi -lhes pedido que simulassem o uso do AIA prescrito e, de
2 Serviço Imunoalergologia – Hospital Espírito Santo Évora, seguida, o uso de outros dois AIA (Anapen®, Epipen® ou Emera-
Évora, PORTUGAL de®, este último não disponível em Portugal). No fim foram ques-
tionados sobre qual o AIA preferido.
Introdução: A urticária ao frio (UF) é um subtipo de urticária Resultados: Foram incluídos 32 doentes adultos, 16 mulheres,
física, rara em idade pediátrica, com um espectro clínico abrangen- com uma idade média de 43 anos; 18 (56%) com alergia a veneno
te. A etiopatogenia não está totalmente esclarecida, sendo a maio- de himenópteros e 14 (44%) com alergia alimentar. A Epipen® foi
ria dos casos idiopática. O diagnóstico é essencialmente clínico, prescrita em 17 (53%) e a Anapen® em 15 (47%). Seis (19%) não
confirmado pelo teste do cubo de gelo ou imersão em água fria. tinham adquirido um AIA e 11 (34%) admitiram não o terem sem-
Descrição: Cientes da raridade desta patologia em idade pediá- pre consigo. Onze (34%) não foram capazes de demonstrar a uti-
trica descreve -se dois casos de doentes com espectros de apre- lização correta do seu AIA, 5 deles com a Anapen® e 6 com a
sentação distintos. Epipen®. Nove (60%) dos 15 doentes com prescrição de Anapen®
Caso 1: Adolescente de 17 anos, sexo feminino, previamente sau- não foram capazes de simular o uso correto de uma Epipen®; 11
dável, sem história familiar de atopia. Desde os 4 anos apresenta- (65%) dos 17 com prescrição de Epipen® não conseguiram simular
va múltiplos episódios, reprodutíveis, de exantema maculopapular a utilização de uma Anapen®. Apenas 2 não foram capazes de
generalizado, pruriginoso, após exposição ao frio. Evitava idas à utilizar adequadamente a Emerade®. Nos doentes que trocaram
praia, frequentava piscina. As queixas nunca foram valorizadas. de Epipen® para Anapen®, o erro mais frequente foi a não remo-
Recorreu ao Serviço de Urgência Pediátrica por síncope, dispneia ção da proteção da agulha (9 doentes). Nos que passaram de Ana-
e vómito após imersão em piscina durante cerca de 15 minutos, pen® para Epipen®, o erro mais frequente foi não massajar o
com resolução espontânea após aquecimento corporal. À obser- local de administração (10 doentes); 6 tentaram remover a ponta
vação apresentava exantema maculopapular confluente, normo- laranja como se fosse uma tampa. O dispositivo preferido foi Eme-
tensa, sem outras alterações ao exame objetivo. Foi administrada rade® em 20 doentes e a Epipen® em 12.
adrenalina IM, prednisolona e hidroxizina, com resolução comple- Conclusões: Apesar de ensino e treino prévio, mais de um terço
ta dos sintomas. Referenciada à consulta de Imunoalergologia, não foi capaz de demonstrar a utilização correta do AIA prescrito.
realizou teste do cubo de gelo com confirmação do diagnóstico. Sem qualquer treino adicional, quase dois terços foi incapaz de
O estudo analítico excluiu causa secundária. simular corretamente o AIA alternativo disponível em Portugal.
Caso 2: Criança de 7 anos, sexo feminino, saudável, com história O design dos dispositivos parece ser relevante, dado que 94% dos
familiar de irmão com eczema atópico. Recorreu à Consulta de Imu- doentes foram capazes de usar a Emerade®, que foi também o
noalergologia num contexto de exantema máculo -papular prurigino- autoinjetor preferido pela maioria. Neste estudo um terço dos
so após exposição ao frio e imersão em água fria, com 6 meses de doentes admitiu não terem sempre consigo o seu AIA. Estes dis-
evolução. O teste do cubo de gelo foi positivo e o estudo analítico positivos são o tratamento de primeira linha na anafilaxia para
excluiu uma causa secundária. Ambos os casos toleravam ingestão de serem usados na comunidade em situações de emergência. Deviam
alimentos frios. Foi iniciada terapêutica diária com anti -histamínico ser mais “patient friendly”.
com controlo sintomático em ambas as situações. Foi prescrita adre-
nalina auto ‑injectável para eventual utilização no caso de anafilaxia.
Conclusão: A UF é uma doença rara em idade pediátrica, prova- PO 68 – O papel do Omalizumab para além da asma
velmente subdiagnosticada, que pode ter início precoce. É uma alérgica grave – A propósito de um caso clínico de
situação potencialmente grave e com grande impacto na qualidade dermatite atopica refratária
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de vida. Estes casos realçam a importância do reconhecimento da B Ramos , C Loureiro 1
UF, de forma a serem instituídas medidas terapêuticas adequadas 1 Pneumologia A, CHUC -HUC, Coimbra, PORTUGAL
para obtenção de controlo clínico.
As doenças alérgicas afetam cerca de 1 bilião de pessoas em todo
o mundo. Reporta -se o caso de uma mulher, 34 anos, enviada à
PO 67 – Os doentes sabem usar autoinjetores de adrenalina? consulta por asma brônquica não controlada, diagnosticada aos 3
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L Carneiro Leão , J Badas , L Amaral , A Coimbra 1 anos, assintomática na adolescência mas com várias exacerbações
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1 Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar de São João, desde os 20 anos, com necessidade de recorrer aos cuidados de
Porto, PORTUGAL saúde não programados. Dois internamentos na Pneumologia em
2016 por exacerbações graves, sob terapêutica grau 4 (GINA),
Objetivos: Avaliar a capacidade de doentes a quem foi prescrito encaminhada posteriormente para a consulta de asma grave. Tem
um autoinjetor de adrenalina (AIA) de simularem o uso correto como desencadeantes: pós domésticos, cheiros intensos, pelo de
desse dispositivo; avaliar o impacto da troca de dispositivo sem cão/gato e alterações de temperatura. Outros antecedentes: rini-
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