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XXXVIII REUNIÃO ANUAL DA SPAIC / RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS E DOS POSTERS
PO 62 – Eczema atópico grave sob corticoterapia 13 anos, realizou otimização da terapêutica e redução progressiva
sistémica prolongada – Vantagens do Omalizumab da CO, com agravamento do EA com necessidade de ciclos de CO,
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C Santa , P Barreira , I Lopes 1 inibidores tópicos da calcineurina e antibioterapia por impetigina-
1 Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Vila Nova de ção. Manteve ainda exacerbações da asma, apesar de doses máxi-
Gaia/Espinho, Vila Nova de Gaia, PORTUGAL mas terapêutica inalada. Referenciado às consultas de Dermato-
logia (realizou fototerapia com alguma melhoria), Oftalmologia,
Introdução: O eczema atópico (EA) é uma doença cutânea infla- Endocrinologia, Cardiologia. Dada a gravidade e difícil controlo
matória crónica pruriginosa que evolui por crises e remissões. O das patologias, nomeadamente do EA (SCORAD 67,7), insucesso
tratamento convencional nos casos moderados a graves poderá de várias terapêuticas, como CO prolongada com EL, e repercus-
ser insuficiente, havendo necessidade de corticoterapia oral (CO). são significativa na QoL, foi proposto Omalizumab 600mg SC
O seu difícil controlo tem impacto significativo na qualidade de quinzenal (IgE total=1713 KUI/L, Peso=132Kg). Atualmente, Oma-
vida (QoL) dos doentes e familiares. O Omalizumab, anticorpo lizumab há 26 meses, sem necessidade de novo ciclo de CO, me-
monoclonal humanizado recombinante anti -IgE, off -label no EA lhoria de alguns dos EL: IMC 40,6Kg/m2, transaminases normais,
grave não controlado, poderá ser benéfico permitindo a suspensão sem insulinorresistência. Melhoria do EA (SCORAD 11) e da asma,
da CO. com redução das exacerbações, da necessidade de medicação de
Caso clínico: Adolescente, 16 anos, género masculino, com EA alívio, e melhoria da QoL.
e asma alérgica desde os 2 anos. Asma não controlada com corti- Conclusões: O Omalizumab foi eficaz num adolescente com EA
cóides inalados, antagonista dos recetores dos leucotrienos e ci- e asma alérgica graves, com melhoria destas patologias e suspensão
clos de CO. Desde os 11 anos, EA de difícil controlo com corti- da CO prolongada e melhoria de EL. Sendo bem tolerado e segu-
cóides tópicos, tendo iniciado CO (Metilprednisolona 16mg id), ro, apesar de off -label, foi decisivo no EA grave refratário melho-
que fez durante 2 anos, com múltiplos efeitos laterais (EL), como rando a QoL.
obesidade (IMC=45,7Kg/m2), aspeto cushingóide, acantose nigri-
cans, hirsutismo, ginecomastia e estrias abdominais. Aumento das
transaminases, insulinorresistência, défice de vitamina D, sem PO 63 – Urticária crónica: Até onde investigar?
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outras alterações analíticas e esteatohepatite. Repercussão signi- M Pires Alves , I Alen , J Azevedo , C Ribeiro , A Todo Bom 1
ficativa na imagem corporal, auto ‑estima, isolamento social e ab- 1 Serviço de Imunoalergologia do Centro Hospitalar e
sentismo escolar. Referenciado à consulta de Imunoalergologia aos Universitário de Coimbra, Coimbra, PORTUGAL
Introdução: A urticária crónica pode constituir a manifestação
inaugural de doenças sistémicas, nomeadamente autoimunes (AI).
Caso clínico: Doente do sexo feminino, 50 anos, iniciou lesões
cutâneas diárias compatíveis com urticária aos 22 anos, com me-
lhoria após 2 anos de evolução. Depois, referia crises intermiten-
tes e ligeiras, com toma pontual de anti -histamínico até que, aos
46 anos, reiniciou sintomas, por vezes acompanhados de angioe-
dema da face e foi referenciada à nossa Consulta. Como fatores
de agravamento referia o dermografismo, a pressão retardada e a
ansiedade. Antecedentes pessoais de atopia: rinite e dermatite de
contato ao níquel. Outros antecedentes: tiroidite AI com hipoti-
roidismo medicada com levotiroxina; HTA e hipercolesterolémia.
Na 1.ª consulta já possuía exames complementares de diagnóstico
sem alterações: hemograma, endoscopia digestiva alta, mamogra-
fia e ecografia mamária. Ecografia abdominal: infiltração esteató-
sica hepática difusa. O estudo analítico complementar não revelou
alterações: VS, complemento, TASO, beta 2 -microglobulina, imu-
noeletroforese sérica, serologias víricas e marcadores de hepatite
e HIV, FR e marcadores tumorais negativos. Salientava -se apenas
elevação mantida da TGP (139 U/L), TGO (122 U/L) e GGT (244
U/L). Devido à persistência dos sintomas realizou estudo da au-
toimunidade que revelou positividade para anticorpos antinuclea-
res com padrão granular fino denso (1:640), anticorpos anti‑
-centrómero (1:1280) e anticorpos anti -ds -DNA (4,64 IU/ml), além
dos anticorpos anti -peroxidase (1737 UI/ml) e elevação da TSH
(11 uUI/ml) com T4 normal. Os testes cutâneos por picada a ali-
mentos e aeroalergénios foram negativos. Manteve sintomas gra-
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA

