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XXXVIII REUNIÃO ANUAL DA SPAIC / RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS E DOS POSTERS
ves e refratários à toma de anti -histamínico 4id e montelucaste, doença de 2 a 5 anos. Assim, os nossos dados estão de acordo
com necessidade de corticoterapia sistémica nas exacerbações. com o referido na literatura. Em relação ao AE as mulheres também
Dadas as alterações analíticas encontradas foi referenciada à Con- são mais afetadas e os sintomas começam entre a 4.ª e a 5.ª déca-
sulta de Doenças AI Sistémicas, onde após biópsia hepática foi da de vida. A identificação de um potencial fator causal tratável
feito o diagnóstico de hepatite crónica com síndrome de sobre- em 50% dos doentes neste grupo (AE associado aos IECAs) levou
posição por eventual cirrose biliar primária. Iniciou tratamento a uma taxa de resolução mais elevada.
com ácido ursodesoxicólico e prednisolona em redução gradual,
com controlo dos sintomas cutâneos.
Conclusões: O não controlo clínico da doença levou a uma in- PO 65 – Dermatite de contacto a cosméticos –
vestigação diagnóstica mais abrangente que permitiu a deteção de Relevância de uma bateria de cosméticos
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hepatite crónica com cirrose biliar primária, além da tiroidite AI C Cruz , B Kong Cardoso , R Reis , E Tomaz , F Inácio 1
já conhecida. O tratamento das doenças subjacentes conduziu à 1 Serviço de Imunoalergologia, Hospital de São Bernardo,
melhoria sintomática. Setúbal, PORTUGAL
Objetivos: Os cosméticos são uma causa frequente de dermati-
PO 64 – Urticária crónica e angioedema no adulto: te de contacto alérgica (DCA). Os testes epicutâneos (TE) com a
Semelhanças e diferenças bateria standard europeia (BSE) e com baterias de cosméticos não
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J Gouveia , E Gomes 1 padronizadas são usados para identificar o componente cosmético
1 Centro Hospitalar do Porto, Porto, PORTUGAL implicado. O objetivo deste estudo foi avaliar a frequência de sen-
sibilização para componentes de cosméticos em doentes com
Objetivo do trabalho: caraterização de doentes diagnosticados suspeita de DCA, assim como determinar a utilidade da bateria
com UC – Urticária Crónica (Grupo I) e com AE – Angioedema de cosméticos utilizada no diagnóstico.
(Grupo II). Métodos: Estudo retrospetivo, incluindo doentes com suspeita
Metodologia: estudo retrospetivo de uma amostra de doentes e/ou diagnóstico de alergia de contacto a cosméticos ao longo de
da consulta de Imunoalergologia do Centro Hospitalar do Porto um período de 3 anos. Foram colhidos dados relativos à localização
com UC e AE. das lesões de eczema, positividades dos testes e relevância clínica,
Resultados: foram incluídos 69 doentes. Grupo I: 53 (76.8%) bem como causa provável e diagnóstico final.
doentes (22 (41.5%) com AE associado); 37 (69.8%) mulheres; Resultados: Foram incluídos 138 doentes (83% do sexo feminino),
idade média: 42.9 anos (±14.1 anos; 18 -73 anos); idade média de com idade média de 47 anos, 11 de idade pediátrica. A face e as
início de sintomas: 37.3 anos (±13.9 anos; 15 -70 anos); tempo de mãos/dedos foram as áreas mais frequentemente atingidas. Vinte
evolução médio da doença: 60.4 meses (±78.9 meses; 5 -516 me- e quatro por cento dos doentes tinham sintomas generalizados.
ses); diagnóstico: 33 (62.3%) – UC Espontânea, 2 (3.8%) – UC Todos os doentes fizeram TE com a BSE, sendo que 62 também
Física ao frio, 4 (7.5%) – UC Colinérgica, 12 (22.6%) – UC asso- fizeram TE com uma bateria de cosméticos (Bial Aristegui®). 72%
ciada a doenças Auto -imunes, 1 (1.9%) – UC associada a doenças dos doentes tiveram pelo menos um teste positivo para um com-
sistémicas e 1 (1.9%) associado com a toma de ACO; 14 doentes ponente cosmético, e 17% apresentaram 2 ou mais sensibilizações.
(26.4%) apresentaram resolução da doença. Grupo II: 16 (23.2%) 61% dos doentes que fizeram TE com a BSE e a bateria de cosmé-
doentes com AE; 9 (56.3%) mulheres; idade média: 56.8 anos ticos não tiveram qualquer positividade. Apenas 6 doentes tiveram
(±17.7 anos; 28 -81 anos); idade média de início de sintomas: 50.3 um resultado positivo para componentes exclusivos da bateria de
anos (±20.4 anos; 19 -77 anos); tempo de evolução médio da cosméticos. As sensibilizações mais frequentes foram: lyral (22%),
doença: 51.5 meses (±60.3 meses; 3 -228 meses); diagnóstico: 7 mistura de perfumes I e/ou II (14%), parafenilenodiamina (11%) e
(43.8%) – AE Adquirido Idiopático, 8 (50%) – AE associado aos metilisotiazolinona (9%). Oitenta e oito por cento das sensibiliza-
IECAs e 1 (6.3%) – AE Hereditário; 11 doentes (68.8%) apre- ções tinham uma relevância atual, sendo de causa ocupacional em
sentaram resolução da doença, dos quais 8 (72.7%) após sus- 8 doentes.
pender o tratamento com IECAs. Os grupos não apresentam Conclusões: A DCA foi mais frequentemente associada a perfu-
diferenças significativas relativamente ao género (p=0.313) nem mes, parafenilenodiamina e metilisotiazolinona, e a relação com
relativamente ao tempo de evolução da doença (p=0.396) no dermatite de contacto ocupacional foi discreta. A maioria dos
entanto a idade média no início dos sintomas é significativamen- doentes que fizeram TE com a BSE e a bateria de cosméticos não
te superior no Grupo II (p=0.028) que apresenta também uma apresentou qualquer positividade, e em apenas 4% dos doentes a
percentagem significativamente superior de resolução da doen- realização de TE com a bateria de cosméticos forneceu informação
ça (p=0.002). adicional. Podemos, como tal, assumir que existe pouca vantagem
Conclusões: de acordo com a literatura na UC as mulheres são na realização de TE com a BSE e uma bateria de cosméticos numa
afetadas com mais frequência e até 50% dos pacientes sofrem de só sessão. Assim, sugerimos que se realize, numa primeira sessão,
angioedema associado. Os sintomas começam habitualmente entre apenas TE com a BSE e que só se proceda aos TE com uma bateria
a 3.ª a 5.ª década de vida e a remissão ocorre em 30 a 50 por de cosméticos em caso de resultado negativo em presença de uma
cento dos pacientes no primeiro ano, sendo a duração média da elevada suspeita clínica.
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA

