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XXXVIII REUNIÃO ANUAL DA SPAIC / RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS E DOS POSTERS
PO 47 – Exposição ocupacional a radiaçâo ionizante em SESSÃO DE POSTERS V
ambiente hospitalar
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L Cunha , L Cruz , I Rezende , J Torres Costa 3 CASOS CLÍNICOS
1 Serviço de Imunoalergologia do Centro Hospitalar do Porto,
Porto, PORTUGAL Dia: 8 de Outubro
2 Serviço de Saúde Ocupacional do Centro Hospitalar Vila Nova Horas: 08:30 – 10:00
de Gaia/Espinho, Porto, PORTUGAL Sala: 2
3 Serviço de Imunoalergologia do Centro Hospitalar de São
João, Porto, PORTUGAL Moderadoras: Natália Fernandes, Teresa Vau
Objetivo: Avaliar o conhecimento dos profissionais de saúde do PO 48 – Um caso agridoce... Anafilaxia à poncha? – Caso
bloco operatório do CHVNG/E quanto aos perigos da RI e à ne- clínico
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cessidade de utilização de equipamento de proteção. T Lourenço , A Lopes , R Aguiar , MP Barbosa 1,2
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Metodologia: Aplicação de um questionário aos trabalhadores 1 Serviço de Imunoalergologia, Hospital Santa Maria – Centro
do bloco operatório do CHVNG/E independentemente da sua Hospitalar Lisboa Norte, EPE, LISBOA, PORTUGAL
categoria profissional. O questionário pretendeu analisar o perfil 2 Clínica Universitária de Imunoalergologia, Faculdade de
sociodemográfico dos trabalhadores, caracterizar a sua atividade Medicina da Universidade de Lisboa, LISBOA, PORTUGAL
profissional, tempo de trabalho exposto a RI, utilização de equi-
pamento de proteção individual, formação sobre efeitos das RI e Introdução: O mel é um alimento de elevado consumo mundial,
sintomatologia relacionada com o trabalho. Foi efetuado um estu- especialmente em Portugal, estando descritos raros casos de aler-
do descritivo e transversal e as respostas aos questionários foram gia. A incidência mundial estimada de alergia ao mel é de <0,001%,
analisadas utilizando o programa SPSS. A comparação de percen- podendo manifestar -se por diversas reações desde tosse até ana-
tagens entre grupos foi efetuada através do teste de qui -quadrado filaxia. Os principais alergénios responsáveis por esta alergia são
seguida de um teste de Mann -Whitney. Os resultados foram con- proteínas provenientes das secreções glandulares das abelhas e/
siderados estatisticamente significativos quando p< 0,01. ou de alguns pólenes, nomeadamente da Família Compositae.
Resultados: Os profissionais de saúde estudados, com uma me- Caso Clínico: Homem de 31 anos, referenciado à Consulta de
diana de idade de 43 anos, eram maioritariamente enfermeiros Imunoalergologia por episódio de anafilaxia: tosse seca, disp-
(63,9%) do sexo masculino (69,4%). Trabalhavam no CHVNG/E em neia, edema da face e úvula e lesões maculopapulares eritema-
média há 12,57±8,3 anos e cerca de 20% trabalhava especificamen- tosas pruriginosas compatíveis com urticária no tronco e pes-
te no bloco operatório há aproximadamente 20 anos. A quase coço com início 1 hora após a ingestão de poncha (cachaça, mel,
totalidade dos profissionais (94,4%) não possuía formação especí- sumo de limão e laranja). Referia ainda um episódio anterior de
fica sobre RI. Menos de metade, 47,2 e 29,2%, utilizam sempre prurido orofaríngeo e edema da língua minutos após a ingestão
equipamento de proteção individual como o avental e o colar de mel. Sem história de picadas de himenópteros. Apresentava
plumbífero, respetivamente. Apesar de 71% considerar muito im- também clínica compatível com rinite intermitente nos meses
portante a utilização de dosímetro individual, apenas 29,2% refere de Primavera. Foi excluída alergia ao limão e laranja por inges-
utilizá -lo sempre. Os sintomas associados à exposição a RI mais tão posterior ao episódio sem intercorrências. Para investigação
referidos foram o eritema das mãos (23%) e as dores nos ossos de sensibilização a aeroalergénios foram efetuados testes cutâ-
ou articulações (36%). neos em picada (TCP) com positividade para D.pteronyssinus,
Conclusões: Este estudo demonstrou que a frequência de utili- gramíneas cultivadas e selvagens, phleum pratense, parietaria
zação de equipamento de proteção e dosímetro individual pelos officinalis, olea europea e artemisia vulgaris e doseamentos de
profissionais do CHVNG/E é reduzida e que poderá estar direta- IgE, com IgE total dentro da normalidade (42U/mL), IgE arte-
mente relacionada com a falta de formação dos profissionais de misia vulgaris 28,2 kU/L, IgE parietaria officinalis 23,8kU/L, IgE
saúde nesta temática. A reduzida frequência de utilização de equi- phleum pratense 3,40 kU/L e IgE olea europea 4,72 kU/L. Foram
pamento de proteção durante a exposição a RI pode também efetuados TCP com o mel de flores usado na preparação da
estar associada à existência de manifestações cutâneas e dores poncha e com mel de diferentes variedades de flores, todos
ósseas encontradas na população estudada. positivos. Foram instituídas medidas de evição de mel e produ-
tos relacionados com este e prescrito um plano de emergência
em caso de reação alérgica bem como dispositivo de autoadmi-
nistração de adrenalina.
Conclusões: Com este caso clínico, os autores pretendem
alertar para a possibilidade de reações graves, incluindo anafi-
laxia, associadas à ingestão de mel em doentes com sensibiliza-
ção a pólenes, nomeadamente da família Compositae, por pro-
vável reatividade cruzada entre estes pólenes e os alergénios
do mel.
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA

