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XXXVIII REUNIÃO ANUAL DA SPAIC / RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS E DOS POSTERS
PO 20 – Heterogeneidade da sintomatologia nasal e/ou PO 21 – Doença respiratória, agudizações e mortalidade
brônquica no adulto: análise de classes latentes em idosos
1
1,2
1
1
1
1,2
R Amaral , T Jacinto 1,2,3 , A. M. Pereira , A Sá -Sousa , R T Palmeiro , I Caires , J Gaspar Marques , P Leiria Pinto ,
1,2
1
1,2
Almeida , J A Fonseca 1,2,4 N Neuparth , P Martins 1,2
1 CINTESIS, Faculdade Medicina da Universidade d, Porto, 1 CEDOC, Integrated Pathphysiological Mechanisms Research
PORTUGAL Group, Nova Medical School, Lisboa, PORTUGAL
2 Unidade de Imunoalergologia, CUF Porto, Hospital e Instituto, 2 Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia,
Porto, PORTUGAL Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa, PORTUGAL
3 Escola Superior Saúde, Instituto Politécnico do Porto, Porto,
PORTUGAL Objetivo: O sistema respiratório sofre alterações inerentes ao
4 MEDCIDS, Faculdade de Medicina da Universidade do, Porto, envelhecimento que favorecem e facilitam a instalação de doença
PORTUGAL respiratória. Este estudo pretende caracterizar a presença de
doença respiratória, agudizações e mortalidade em pessoas idosas
Objetivo: Identificar classes de patologia respiratória no adul- residentes em Equipamentos Residenciais para Pessoas Idosas
to com sintomatologia nasal e/ou brônquica e avaliar a sua as- (ERPIs) durante um ano.
sociação com marcadores de inflamação das vias aéreas e função Metodologia: Entre abril de 2016 e março de 2017, realizaram -se
respiratória. espirometrias e provas de broncodilatação em indivíduos idosos
Métodos: Foi aplicada análise de classes latentes (método não- residentes em ERPIs de Lisboa. Definiu ‑se como alteração venti-
-supervisionado) em 595 adultos, participantes no estudo ICAR – latória obstrutiva a existência de uma relação FEV1/FVC < Limit
Impacto e Controlo da Asma e Rinite, com pelo menos um sintoma Low Normal (LNN) e como sugestivo de alteração ventilatória
nasal (rinorreia, espirros, obstrução e/ou prurido nasal) e/ou brôn- restritiva a existência de uma FVC < LLN. Foi considerada a exis-
quico (dispneia, aperto no peito, pieira e/ou tosse), nos últimos 12 tência de melhoria significativa ao broncodilatador, um aumento
meses. As variáveis classificadoras foram: sintomas nasais/brônquicos de 12% e 200ml do FEV1 e/ou FVC. Procedeu -se à recolha de in-
e escalas de gravidade e controlo (GINA e ARIA, respetivamente). formação sobre o recurso ao médico e/ou internamento por cau-
A seleção do modelo foi baseada na entropia, no Bayesian Informa- sas respiratórias, bem como ao registo da mortalidade. Foi efec-
tion Criteria e no teste Vuong -Lo -Mendell -Rubin. Foi utilizado o tuada uma análise descritiva dos dados.
teste ANCOVA para comparar diferenças nos marcadores de infla- Resultados: A amostra do estudo foi constituída por 302 in-
mação (contagem de eosinófilos periféricos: BEos, e fração exalada divíduos de 15 ERPIs, dos quais 70% (212) eram do sexo femi-
de óxido nítrico: FeNO) entre as classes identificadas. A associação nino, sendo a média das idades de 84.5±7.2 (65 -103 anos).
entre as classes e função respiratória diminuída (FEV1 ou FEV1/ Verificou ‑se que a presença de alteração ventilatória obstruti-
FVC<LLN) foi calculada por regressão logística multinominal, ajus- va em 7% (n= 20) e sugestivas de alteração ventilatória restri-
tada para idade, sexo, tabagismo e atopia. tiva e mista, respetivamente em 14% (n=41) e 6% (n=18). A
Resultados: Foram identificadas 4 classes latentes, cuja denomina- maioria dos participantes (72%) não apresentou alterações
ção foi baseada nas características principais: Classe 1, sintomatolo- significativas na espirometria basal. Dos 287 que realizaram
gia nasal persistente e brônquica não -controlada (10% dos indiví- prova de brondilatação, apenas 8% (n=22) tiveram uma melho-
duos); Classe 2, sintomatologia nasal persistente e brônquica ria significativa do FEV1 e/ou FVC. Durante o período em que
controlada (24%); Classe 3, sintomatologia nasal persistente e brôn- decorreu o estudo, 27% (82/302) dos participantes recorreram
quica ausente (30%); e Classe 4, sintomatologia nasal ligeira (36%). ao médico por queixas respiratórias e 5% (15/302) foram hos-
Indivíduos da classe 1 eram maioritariamente não -atópicos (86%) e pitalizados. Das pessoas idosas que necessitaram de hospitali-
apresentavam valores de FeNO mais elevados, comparativamente zação, a média de internamentos foi de duas por idoso. O nú-
com as outras classes (p<0,01), e valores de BEos significativamente mero de dias de internamento oscilou entre 2 e 65 dias, sendo
superiores aos da classe 4 (p=0,002). Comparando com as classes a mediana de 10 dias. Das pessoas idosas avaliadas, no decurso
2, 3 e 4, os indivíduos da classe 1 tinham um odds ratio ajustado deste estudo, 4% (n=12) faleceram, quatro dos quais por causa
(aOR [IC 95%]) mais elevado para FEV1<LLN (10.1[4.0 -7.9], 4.4[1.9- respiratória.
-10.0] e 7.1[3.1 -16.3], respetivamente) e FEV1/FVC<LLN (6.2 [2.5- Conclusões: A maioria dos participantes deste estudo não apre-
-15.3], 4.0[1.6 -9.8] e 7.7[3.0 -19.6]). sentou alterações ventilatórias de acordo com os critérios definidos,
Conclusões: Identificou ‑se uma classe de indivíduos com sinto- nem teve necessidade de recurso aos serviços de saúde por motivos
mas nasais persistentes e brônquicos não -controlados, associada respiratórios. De salientar que um terço das mortes observadas
a valores de FeNO e BEos mais elevados e pior função respirató- durante o estudo foi de causa respiratória.
ria. O uso de medicação habitual e as diferenças específicas entre Financiado pela AstraZeneca – Projeto OLDER (CEDOC/2015/59)
classes serão avaliados em análises futuras.
Trabalho financiado por bolsa de doutoramento FCT (PD/BD/113659/2015) do Pro-
grama Doutoral em Investigação Clínica e Serviços de Saúde (PD/0003/2013).
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA

