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Alexandru Ciobanu, Joana Pita, Carlos Loureiro, Ana Todo-Bom
Fenótipos clínicos com infeção. São fenótipos caracteristicamente não
Asma não alérgica: adultos com asma não associa- eosinofílicos, com início geralmente já na idade adulta e
da a alergia. O perfil celular da expetoração pode ser com graus de gravidade variável .
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neutrofílico, eosinofílico ou paucigranulocítico. Respon- O fenótipo asma alérgica de início precoce inicia-
dem menos aos CI. -se na infância, e apesar de ser considerado o que englo-
Asma de início tardio: adultos, especialmente mu- ba um maior número de doentes não é habitualmente
lheres, que apresentam asma pela primeira vez na idade conotado com formas mais graves.
adulta. São não alérgicas, habitualmente com necessidade A distribuição por fenótipos não é completamente
de cumprir terapêutica com doses elevadas de CI e mui- discriminativa porque, partindo de conceitos diferentes,
tas vezes refratárias ao tratamento. tem situações de sobreposição. No entanto, tem o mé-
Asma do obeso: alguns doentes obesos com asma rito de permitir algumas atitudes terapêuticas mais di-
têm sintomas respiratórios proeminentes e pouca infla- recionadas.
mação eosinofílica das vias aéreas.
Asma com obstrução persistente: alguns doentes Fenótipos inflamatórios
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com asma de longa evolução desenvolvem limitação do Estão descritos 3 fenótipos celulares :
fluxo aéreo fixo que pode ser devido a remodelação da
parede das vias aéreas. É um fenótipo que também está 1) Asma eosinofílica persistente: caracterizada
ligado a hábitos tabágicos ou a poluentes ambientais e por eosinofilia, observada na mucosa brônquica e na ex-
com semelhança a situações de DPOC/ACO 1,3,4 . petoração induzida, apesar da terapêutica com altas do-
Estão ainda descritos outros fenótipos que podem ses de corticosteroides inalados ou sistémicos. A presen-
estar associados a asma grave. A asma do exacerba- ça de eosinofilia está associada a sintomas persistentes,
dor, que apresenta uma grande labilidade, está muitas a níveis mais baixos de FEV e a exacerbações mais graves
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vezes associada ao fumo do tabaco e evolui com função do que o fenótipo não eosinofílico .
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respiratória normal ou declínio funcional. Pode estar Também está associada a uma maior incidência da
associada a eosinofilia da via aérea, podendo também patologia dos seios perinasais, ao maior envolvimento das
ser observado um padrão celular misto ou neutrofílico. vias aéreas periféricas e remodelação brônquica, à obs-
As exacerbações que têm início súbito, por constrição trução fixa das vias aéreas e a uma boa resposta à tera-
do músculo liso brônquico, são frequentemente rela- pêutica com anticorpo monoclonal anti -IL5 mepolizu-
cionadas com broncospasmo na ausência de inflamação. mab 13,14 .
A asma corticorrefratária caracteriza -se por sinto-
mas não controlados apesar de altas doses de corticói- 2) Asma não eosinofílica com aumento de neu-
des inalados, com necessidade de corticoterapia oral trófilos: ocorre inflamação das vias aéreas não eosino-
diária. Tem sido descrito como um fenótipo diferencia- fílica em cerca de 50 % de adultos e adolescentes com
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do que pode resultar da ação do stress oxidativo e da asma estável ligeira a grave .
inibição da atividade da proteína cinase. O tabagismo O cut -off para o número de neutrófilos na expetora-
está associado a este fenótipo por interferência na fun- ção não está estabelecido, com grandes variações repor-
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ção da histona deacetilase 2 1,3,4 . tadas na literatura: >40 % 16,17 ≥50 % >61 % >65 % e
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Atendendo à etiologia, têm ainda sido identificados ≥76 % .
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os fenótipos de asma induzida pela poluição, asma A gravidade de sintomas em geral é semelhante ou
induzida por fumo do tabaco e asma relacionada ligeiramente menor no subgrupo neutrofílico, em com-
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA