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Alexandru Ciobanu, Joana Pita, Carlos Loureiro, Ana Todo-Bom
dos macrólidos na apoptose de células epiteliais e de de Simpson et al. , a administração de claritromicina
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macrófagos 38,39 . 500mg 2x/dia durante 8 semanas demonstrou uma me-
Estão atualmente aprovados e disponíveis no merca- lhoria da qualidade de vida e reduções de IL ‑8, neutrófi-
do alguns macrólidos, como eritromicina, azitromicina, los, elastase de neutrófilos e MMP -9 nas vias aéreas,
claritromicina e roxitromicina, para tratamento de infe- sendo que a redução dos parâmetros inflamatórios foi
ções bacterianas. Contudo, têm sido sintetizados novos mais marcada nos doentes com asma grave não eosino-
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análogos de macrólidos, como a solitromicina, com pro- fílica; no estudo de 2013, de Brusselle et al. , a adminis-
priedades anti -inflamatórias aumentadas comparativa- tração de 250mg de azitromicina 3x/semana durante 26
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mente aos que são presentemente usados . Outros terão semanas demonstrou uma diminuição significativa de
apenas propriedades anti -inflamatórias, como o derivado exacerbações graves e de infeções das vias aéreas infe-
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não antibiótico de azitromicina CSY0073 . riores, com necessidade de antibioterapia, apenas no
Os macrólidos têm ainda propriedades valiosas adi- grupo com eosinófilos séricos <200/µL.
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cionais, incluindo uma ação antiviral , e capacidade de
aumentar a sensibilidade a corticosteroides por inibição
da fosfatidilinositol 3 -cinase (PI3K) e restauração de ati- MACRÓLIDOS NO TRATAMENTO
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vidade da histona deacetilase (HDAC) , diminuindo res- DE EXACERBAÇÕES DA ASMA
postas imunes de TNF -α e IL -17 .
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Os estudos que avaliaram o tratamento curto com
macrólidos durante exacerbações de asma mostraram
MACRÓLIDOS NA ASMA GRAVE resultados contraditórios.
Johnston et al., num ensaio aleatorizado controlado
De acordo com uma metanálise recente da Cochra- com placebo, incluindo 278 doentes adultos com exacer-
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ne , que incluiu 23 estudos aleatorizados e controlados bação de asma, reportaram que a adição de telitromicina
com placebo, o tratamento adicional com macrólidos à terapia tradicional durante 10 dias reduziu significativa-
durante pelo menos quatro semanas não demonstrou mente os sintomas, induzindo melhoria da função pulmo-
benefício para a maioria dos outcomes clínicos, incluindo nar em comparação com o placebo. Os doentes que não
exacerbações com necessidade de internamento ou de receberam macrólidos melhoraram mais lentamente e
tratamento com corticoides orais, pontuação em escalas no 42.º dia de seguimento apresentaram valores de fun-
de sintomas, controlo da asma, qualidade de vida ou me- ção pulmonar sobreponível aos que receberam telitro-
dicação de alívio. Existe, no entanto, evidência de alguma micina. No entanto, devido à sua potencial agressão he-
melhoria no FEV e na contagem de eosinófilos e de en- pática, o uso de telitromicina limita ‑se a infeções graves,
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zima catiónica eosinofílica no esputo induzido e no sangue potencialmente fatais .
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periférico, bem como um aparente efeito poupador de A utilização de azitromicina no decurso de exacerba-
corticoides em populações em corticoterapia oral cró- ções de asma como terapêutica adicional para a crise com
nica, embora a evidência seja em geral muito baixa, pela objetivo de avaliar o seu potencial benefício clínico num
heterogeneidade de parâmetros e baixa qualidade dos período não superior a 10 dias após o episódio descrito
estudos. revelou -se ineficaz relativamente ao objetivo estabeleci-
No entanto, é de salientar que em análise de subgru- do . No mesmo sentido, foi possível constatar que a
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po de dois estudos foi demonstrado um possível benefí- administração de azitromicina a crianças sibilantes em
cio na asma grave não eosinofílica: no estudo de 2008, período de agudização não reduziu a duração dos sinto-
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REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA