Page 29 - Clinica_Animal_1-2018
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PRÁTICA CLÍNICA 29
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010 com diferenças substanciais no seu padrão de susceti‑
bilidade antimicrobiana (um isolado foi resistente ao me‑
tronidazol enquanto que outro foi suscetível).
Discussão
A associação entre a presença de C. difficile e o desen‑
volvimento de diarreia e outros transtornos digestivos em
pequenos animais, continua a ser controversa (6,15 ‑17). Do
mesmo modo, enquanto que alguns autores relataram a
existência de uma associação significativa entre a recupe‑
ração de C. difficile e o tratamento com antibióticos (6,8),
outros autores não observaram tal associação (5,11,16).
Na população de cães analisados neste estudo, C. diffi‑
cile foi isolado a partir de animais de diferentes grupos de
doenças que estavam ou não sob tratamento com metroni‑
dazol. Contudo, a associação estatística entre as variáveis
clínicas e microbiológicas não foi analisada, já que isto re‑
quereria o uso de dados obtidos em estudos de caso‑
‑controlo desenhados especificamente.
Alguns dos isolados toxicogénicos de C. difficile caracte‑
rizados neste estudo pertenciam a ribótipos que atualmen‑
te se consideram epidémicos. Em particular, o ribótipo 078 Figura 2. Estudo de sensibilidade antibiótica de uma estirpe de C. difficile pelo método
é isolado com frequência a partir de pacientes humanos e de Etest.
animais na Europa e América do Norte, implicados em
casos de infeção grave (25 ‑28). Em Espanha, o ribótipo 078 ce desconhecida. Os isolados não toxicogénicos pertenciam
encontra ‑se entre os mais prevalentes nos seres humanos ao ribótipo 010, que comummente é isolado de cães e
(29,30), mas também já foi identificado a partir de cães, gatos (3,4,6,9,14,32).
suínos e animais do jardim zoológico (3,20,21,23). De igual Apesar do recente desenvolvimento de novas alternativas
forma, as estirpes do ribótipo 106 também se encontram terapêuticas, o metronidazol permanece como um pilar
com frequência na Europa (incluindo Espanha) e na Amé‑ fundamental para o tratamento inicial da infeção ligeira ou
rica do Norte (25,26,28 ‑31), enquanto que, pelo menos por moderada de C. difficile nos seres humanos (33). Este me‑
enquanto, a prevalência dos ribótipos 154 e 430 permane‑ dicamento também é utilizado amplamente em medicina
Figura 3. Isolados de C. difficile de animais com diferentes
características clínicas.
100
80
60
Número de cães 40
20 67 27 35 62 44 50 68 28
0 11 2 6 7 6 7 5 8
Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não
Diarreia Vómitos* Doença crónica Tratamento antibiótico
As barras verdes e grenás indicam resultados negativos e positivos para os isolados de C. difficile, respetivamente.
Os asteriscos indicam que o número total de cães era superior a 107, já que alguns animais foram admitidos duas
vezes durante o período de estudo, e de cada vez apresentaram sinais clínicos diferentes.
Características clínicas
1 CLÍNICA
ANIMAL