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PRÁTICA CLÍNICA  29
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        010 com diferenças substanciais no seu padrão de susceti‑
        bilidade antimicrobiana (um isolado foi resistente ao me‑
        tronidazol enquanto que outro foi suscetível).

        Discussão

          A associação entre a presença de C. difficile e o desen‑
        volvimento de diarreia e outros transtornos digestivos em
        pequenos animais, continua a ser controversa (6,15 ‑17). Do
        mesmo modo, enquanto que alguns autores relataram a
        existência de uma associação significativa entre a recupe‑
        ração de C. difficile e o tratamento com antibióticos (6,8),
        outros autores não observaram tal associação (5,11,16).
          Na população de cães analisados neste estudo, C. diffi‑
        cile foi isolado a partir de animais de diferentes grupos de
        doenças que estavam ou não sob tratamento com metroni‑
        dazol. Contudo, a associação estatística entre as variáveis
        clínicas e microbiológicas não foi analisada, já que isto re‑
        quereria o uso de dados obtidos em estudos de caso‑
        ‑controlo desenhados especificamente.
          Alguns dos isolados toxicogénicos de C. difficile caracte‑
        rizados neste estudo pertenciam a ribótipos que atualmen‑
        te se consideram epidémicos. Em particular, o ribótipo 078   Figura 2. Estudo de sensibilidade antibiótica de uma estirpe de C. difficile pelo método
        é isolado com frequência a partir de pacientes humanos e   de Etest.
        animais na Europa e América do Norte, implicados em
        casos de infeção grave (25 ‑28). Em Espanha, o ribótipo 078   ce desconhecida. Os isolados não toxicogénicos pertenciam
        encontra ‑se entre os mais prevalentes nos seres humanos   ao ribótipo 010, que comummente é isolado de cães e
        (29,30), mas também já foi identificado a partir de cães,   gatos (3,4,6,9,14,32).
        suínos e animais do jardim zoológico (3,20,21,23). De igual   Apesar do recente desenvolvimento de novas alternativas
        forma, as estirpes do ribótipo 106 também se encontram   terapêuticas, o metronidazol permanece como um pilar
        com frequência na Europa (incluindo Espanha) e na Amé‑  fundamental para o tratamento inicial da infeção ligeira ou
        rica do Norte (25,26,28 ‑31), enquanto que, pelo menos por   moderada de C. difficile nos seres humanos (33). Este me‑
        enquanto, a prevalência dos ribótipos 154 e 430 permane‑  dicamento também é utilizado amplamente em medicina



                            Figura 3. Isolados de C. difficile de animais com diferentes
                                           características clínicas.


             100

              80


              60
           Número de cães  40




              20   67        27       35        62        44       50        68        28


               0   11        2         6        7         6         7        5         8
                   Sim      Não       Sim       Não      Sim       Não       Sim      Não
                      Diarreia           Vómitos*         Doença crónica    Tratamento antibiótico

              As barras verdes e grenás indicam resultados negativos e positivos para os isolados de C. difficile, respetivamente.
              Os asteriscos indicam que o número total de cães era superior a 107, já que alguns animais foram admitidos duas
              vezes durante o período de estudo, e de cada vez apresentaram sinais clínicos diferentes.
                                              Características clínicas


                                                                                                         1  CLÍNICA
                                                                                                            ANIMAL
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