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34 PRÁTICA CLÍNICA
sinais de regressão ou de agravamento, nem complicações
ou efeitos secundários (7) (figura 4).
Este protocolo, graças à possibilidade da criopreservação
das MSC, permitiria a criação de bancos celulares com
Progenitora
maior qualidade e controlo do produto celular, o que faci‑
DC inmadura
lita a logística necessária para estas terapias. O início rápido
do tratamento evita a extração de tecido do próprio pacien‑
Neutrófilos HLA-G
te, por vezes muito deteriorado, selecionando os melhores
IL-6 candidatos doadores para assim poder personalizar a sua
PGE 2 Imunotolerância
terapia.
Nesse mesmo ano, Arzi e colaboradores voltaram a pu‑
NO blicar a resposta terapêutica ao tratamento alogénico endo‑
Células B
IDO venoso com MSC de pacientes com GECF refratários, ob‑
Treg tendo uma melhoria clínica completa ou remissão dos
sintomas em 57% dos seus animais (32).
Via de administração
Células T NK
Figura 3. Mecanismo de interação entre as MSC e as diferentes células do sistema imu- Estudos de biodistribuição demonstraram que a admi‑
nitário. Após a ativação das MSC, estas agregam mediadores solúveis, tais como óxido nistração endovenosa permite a rápida fixação das MSC na
nítrico (NO), prostaglandina (PgE2), indolamina 2,3-dioxigenase (IDO), IL-6 e antigénio leu- mucosa oral lesionada graças à sua capacidade de migra‑
cocítico humano (HLA)-G. Estes mediadores regulam a proliferação e a função de uma ção ou homing pelos tecidos danificados pelo efeito de
variedade de células imunes, assim como a indução de células T reguladoras (TREG) chamada dos próprios mediadores inflamatórios libertados
direta ou indiretamente, criando um estado de imunotolerância. in situ. Por outro lado, em todos os estudos ficou demons‑
trada a segurança da administração celular por esta via
(5,7,32).
de MSC alogénica em casos refratários de GECF, a maioria
deles positivos a calicivírus e sem nenhuma outra alterna‑
tiva terapêutica, com um acompanhamento de 6 meses,
utilizando o sistema de pontuação de atividade SDAI. Todos Os indivíduos afetados apresentam dor oral
os animais manifestaram um significativo grau de melhoria grave, sialorreia, halitose, hiporexia, perda de
ou remissão clínica, refletido na diminuição do seu sistema peso, diminuição do ato de lambedura,
de pontuação de atividade SDAI desde valores iniciais
20,1+/ ‑3,4 a 3,8+/ ‑2,5 aos 6 meses. Não se manifestaram irritabilidade e diminuição da sua atividade.
Mecanismo de ação
Figura 4. Resultados da terapia celular de MSC em casos refratários
de GECF com uma evolução de 6 meses. Todos os animais
apresentaram uma melhoria clínica estatisticamente significativa Clinicamente, a resposta terapêutica nestes pacientes
ou uma remissão clínica total, refletida na diminuição do seu apresenta ‑se a diferentes níveis.
sistema de pontuação de atividade SDAI.
Oral
Graças ao mecanismo imunomodulador/regenerador, a
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ação das MSC manifesta ‑se pela involução das lesões na
20,17 mucosa oral, com uma grande melhoria ou desaparecimen‑
20
to completo. Histologicamente, observa ‑se um retorno à
15,50 arquitetura tissular normal, com o desaparecimento do qua‑
15
dro típico de proliferação linfoplasmocitária com ulcera‑
ções, hiperplasia e inflamação. Sintomatologicamente,
SDAI 10 9,00* manifesta ‑se numa diminuição da dor, hipersalivação e
5,50* halitose, com diminuição na dificuldade à mastigação e
5 aumento da lambedura.
3,83*
0 Sistémico
0 1 2 3 6
Através do seu mecanismo parácrinos, com efeito imu‑
*Diferenças significativas respeito ao início p < 0,001
noregulador/anti ‑inflamatório, foi demonstrada modulação
Mês sobre a resposta polarizada Th1, ao diminuir o número de
Villatoro A.J., Fariñas F. Gingivoestomatitis crónica felina: la terapia celular inmunomodula- células T CD8+ e equilibrando o rácio CD4/CD8, para além
dora como nueva alternativa terapéutica. Andalucía Veterinaria Oct- Dic 2016. da diminuição das citoquinas pró ‑inflamatórias no soro.
1 CLÍNICA
ANIMAL