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36  MARKETING


        É necessário ter um plano de


        negócio numa clínica veterinária?





        Trata ‑se de uma ferramenta orientadora do funcionamento da empresa e que permite visualizar
        as suas grandes metas para prosseguir um caminho pré ‑definido.



                         Enrique Barreneche Martínez                    A maior parte dos proprietários de centros veterinários
                         VVetsPower.com                               que cumprem estas características (vocação e autoempre‑
                                                                      go) encontram poucas para montar um centro. Inicialmen‑
                                                                      te não é necessário um grande investimento, dado que,
                         Os centros veterinários, sejam consultórios, clínicas ou   alugar um local, realizar uma pequena remodelação e ad‑
                        hospitais, constituem uma “espécie” empresarial à parte, já   quirir um equipamento mínimo, pode ser suficiente para
                        que os seus comportamentos habituais no mercado esca‑  gerar um discreto volume de negócio que justifique o au‑
                        pam às lógicas que regem outros setores. Isto acontece   toemprego. O normal é que este volume continue a au‑
                        devido ao facto de que, na sua grande maioria as respon‑  mentar. Então, o veterinário empreendedor deve adotar a
                        sabilidades diretivas recaem sobre os seus proprietários   decisão mais lógica para absorver esse aumento: a contra‑
                        que, por sua vez, também são quem desempenha as tarefas   tação. Ao fim de alguns anos de crescimento, podemo ‑nos
                        clínicas.                                     deparar com um fenómeno paradoxal: ganha ‑se menos do
                                                                      que antes apesar de se ter um maior volume de negócio.
                        Caracterização do setor                       A partir deste ponto, manifesta ‑se a importância de traba‑
                                                                      lhar com gestão e a melhor ferramenta para o fazer é atra‑
                         A grande maioria dos centros veterinários no nosso país   vés de um plano de negócio.
                        e um pouco por toda a Europa, começaram como sendo
                        uma solução de autoemprego para os seus fundadores. Uns   Implementar sistemas de gestão
                        quantos mantém a estrutura que adotaram na sua fundação,
                        enquanto outros tiveram um crescimento natural e evoluí‑  As empresas que trabalham com sistemas de gestão são
                        ram para estabelecimentos mais complexos, como sucede   mais rentáveis do que aquelas que não o possuem, e isto
                        no caso de alguns hospitais. São poucos os centros que se   é lógico já que assim é mais factível uma tomada de de‑
                        fundaram em função de um projeto empresarial definido e   cisões empresariais que permitam processos mais eficien‑
                        devidamente delineado. Além disso, o acentuado carácter   tes. Vejamos um exemplo: suponhamos que uma clínica
                        vocacional dos veterinários clínicos ajuda a compreender a   que teve um crescimento notório, contratou pessoal ve‑
                        escassa presença de uma cultura de gestão empresarial   terinário à medida que o volume de negócio aumentava.
                        formal, pelo menos em grande parte deles.     São três veterinários e um auxiliar de clínica, o que lhes
                                                                      permite manter um horário de abertura amplo, com duas
                                                                      tardes livres cada um, e turnos de fim de semana rotati‑
                                                                      vos. Uma auditoria de processos nesta clínica revelaria
                                                                      que uma percentagem significativa de tarefas realizadas
                                                                      pelos veterinários podem ser feitas por pessoal não gra‑
                                                                      duado, como organizar ficheiros, fazer o controlo de
                                                                      stocks, tarefas de limpeza e de manutenção e tarefas
                                                                      administrativas simples, como por exemplo preparar os
                                                                      lembretes para clientes ou realizar chamadas de controlo
                                                                      de qualidade.
                                                                        Se se contabilizassem as horas efetivas de realização de
                                                                      tarefas clínicas que requerem pessoal qualificado (veteriná‑
                                                                      rios), poder ‑se ‑ia descobrir que poderiam ser feitas por dois
                                                                      veterinários em vez de três que atualmente a clínica tem. E
                                                                      que este excedente de tarefas não clínicas pode ser assu‑
                                                                      mido por um auxiliar, que poderia ser de tipo administra‑
                       Panda Vector/shutterstock.com                  tivo, por exemplo.
                                                                        A análise que esta auditoria de processos poderia
                                                                      trazer ‑nos sobre a necessidade de uma reestruturação de
                                                                      pessoal, não só pouparia custos em termos de recursos
                                                                      humanos, como também permitiria uma melhor eficiên‑


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