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26 PRÁTICA CLÍNICA

Presença de Clostridium difficile

em cães com problemas digestivos

Parece que os cães são o reservatório de genótipos de C. difficile que estão associados a doenças
humanas e que apresentam resistência a múltiplos antibióticos.

Orden C, Blanco JL , Álvarez -Pérez S, García- Materiais e métodos
1
-Sancho M, Rodríguez - Franco F, Sainz A,
Villaescusa A, Harmanus C, Kuijper E Este estudo foi realizado entre abril de 2012 e maio de
e García ME 1 2014 na consulta de Gastrenterologia de Pequenos Animais
1 Departamento de Sanidade Animal, Faculdade de do hospital Clínico Veterinário da Universidade Compluten‑
Veterinária, Universidade Complutense de Madrid se de Madrid. Foi analisada a presença de C. difficile num
jlblanco@ucm.es total de 107 cães (62 machos e 45 fêmeas) com diversas
Imagens cedidas pelos autores
alterações digestivas. Os animais selecionados variaram
quanto à raça, origem e idade. Em seis cães foram colhidas
A emergência de Clostridium difficile como agente cau‑ por duas vezes amostras durante o período de estudo, o
sador de infeção humana gerou uma crescente preocupa‑ que deu um total de 113 amostras. Foram colhidas amostras
ção decorrente do possível papel que os animais parecem de esfregaços retais para o exame clínico rotineiro de cada
ter como reservatórios de estirpes epidérmicas (1,2). Neste animal e foram armazenadas a ‑20˚C até a sua análise.
cenário, é fundamental uma completa caracterização gené‑
tica e fenotípica dos isolados deste anaeróbio gram positivo Deteção de C. difficile
obtidos de populações humanas e animais para confirmar
a possibilidade de transmissão inter ‑espécies (3,4). As amostras fecais foram cultivadas para o isolamento de
O objetivo da presente investigação foi o de avaliar a C. difficile através de sementeira direta com um procedi‑
prevalência de C. difficile em cães com diversas doenças mento de enriquecimento, tal como se descreve em Blanco
digestivas. Também se determinaram o genótipo (ribotipo) et al. (18). Os isolamentos bacterianos foram identificados
e os padrões de resistência antimicrobiana dos isolados como C. difficile pela morfologia das suas colónias (de cor
recuperados. amarelada a branca, com aspeto de vidro moído), bem
como pelo odor típico deste microrganismo e uma reação
positiva num imuno ensaio específico rápido que deteta
simultaneamente a produção do antigénio constitutivo glu‑
tamato desidrogenase (GDH) e as toxinas A e B.

Resultados

C. difficile foi identificado em 13 dos 107 cães analisados
(12,1%). A epidemiologia e as características clínicas de cães
que produziram culturas fecais positivas para C. difficile estão
resumidas na tabela e na figura 3. Os cães positivos perten‑
ciam aos seguintes grupos de doença: doença inflamatória
crónica (seis casos; 12,5% dos animais do grupo), doença
aguda (três, 11,5%), neoplasia (dois; 20%), doença parasitária
(um; 9,1%) e outras condições digestivas (um; 33,3%). Um
cão (P ‑13) apresentou culturas fecais positivas de C. difficile
em momentos distintos durante o período de estudo. Apenas
duas das amostras que produziram isolados de C. difficile no
protocolo de enriquecimento deram um resultado positivo
por sementeira direta. Cinco cães (38,5%) que deram culturas
positivas estavam em tratamento com metronidazol desde 21
a 42 dias antes da sua admissão para o estudo.
Foram caracterizados um total de 16 isolados (três do cão
P ‑13, dois do P ‑84 e um de cada um dos outros animais
que deram uma cultura positiva). Nove isolados (56,3%)
Figura 1. Aspeto típico de uma colónia de C. difficile a crescer sobre agar CLO. foram toxigénicos e pertenciam aos ribótipos 078 (cinco

1 CLÍNICA
ANIMAL