Page 16 - RPIA_25-2
P. 16
Frederico Regateiro, Ana Luísa Moura, Emília Faria
cebo, multicêntrico, realizado entre 2012 e 2014, utili- população, o número de exacerbações foi reduzido de
zando duas doses de mepolizumab com vias de 1,91/doente/dia nos doentes que receberam placebo para
administração diferentes (75 mg IV e 100 mg SC) a cada 1,01 nos doentes que receberam mepolizumab (redução
4 semanas, durante 32 semanas, mantendo a terapêutica relativa de 47 %; rate ratio [RR] 0,53; 95 % CI 0,44-0,62;
inalatória ou sistémica habitual. Incluiu 576 doentes com p<0,0001). Entre os doentes que receberam placebo, é
idades entre os 12 e os 82 anos com o diagnóstico de importante notar que quanto maior o número de eosi-
asma, com critérios de gravidade e exacerbações fre- nófilos basais maior o número de exacerbações duran-
quentes (duas ou mais exacerbações no último ano com te o período do estudo, o que vem confirmar que o
necessidade de corticoterapia sistémica sob corticotera- número de eosinófilos periféricos é um preditor do risco
pia inalada em dose elevada) e com contagem de eosinó- de exacerbações. Notavelmente, quanto maior o núme-
filos no sangue periférico superior a 150/μL no screening ro de eosinófilos, maior foi o efeito do mepolizumab na
ou 300/μL durante o ano anterior. redução das exacerbações versus placebo: no grupo com
Os outcomes testados foram semelhantes aos do es- >150/μL a redução foi de 52 %, enquanto no grupo com
tudo DREAM. O estudo demonstrou que ambas as doses >500/μL a redução foi de 70 %. A redução das exacerba-
reduziram a frequência anualizada de exacerbações clini- ções nos doentes com maior eosinofilia verificou -se quer
camente significativas: placebo 1,74 vs 75 mg IV 0,93 (re- em termos relativos ao placebo quer em número abso-
dução relativa de 47 %, 95 % CI, 28-60, p<0,001) vs 100 luto. A redução em doentes com menos de 150/μL foi
mg SC 0,83 (redução relativa de 53 %, 95 % CI, 36-65, menos importante (26 %). Também as melhorias do FEV1
p<0,001). Às 32 semanas houve melhoria estatisticamen- pré e pós -broncodilatador e dos scores de qualidade de
te significativa do FEV1 pré -broncodilatador em relação vida e controlo da asma foram mais significativas nos gru-
ao baseline nos grupos que receberam mepolizumab, quan- pos com maior eosinofilia.
do comparados com o grupo que recebeu placebo: 100 ml Nesta análise, utilizando uma modelação matemática,
no grupo 100 mg IV (P = 0,02) e 98 ml no grupo 75 mg foi sugerido como cut -off significativo para a utilização de
SC (P=0,03). Também o FEV1 após broncodilatador re- mepolizumab uma contagem de eosinófilos basal de 150/μL
gistou melhorias significativas nos doentes tratados com para reduzir a frequência das exacerbações em, pelo me-
mepolizumab. Os scores de qualidade de vida (St. George s nos, 30 %. Estes modelos estimam que o benefício em
Respiratory Questionnaire) e de controlo da asma (ACQ -5) doentes com valores mais elevados de eosinófilos no
tiveram melhorias estatisticamente significativas nos gru- sangue periférico possam ser muito mais significativos, o
12
pos que receberam mepolizumab, enquanto o perfil de que poderá ter importância na prática clínica .
11
segurança foi semelhante ao do grupo placebo .
13
Em 2016 foi publicada uma análise secundária dos es- O estudo SIRIUS foi um ensaio clínico randomizado de
12
tudos DREAM e MENSA . Esta análise incluiu 1192 doen- fase III, duplamente cego, controlado por placebo, mul-
tes, dos quais 846 receberam mepolizumab (em várias ticêntrico, realizado entre 2012 e 2014 em paralelo com
doses e vias de administração), e procurou determinar a o ensaio MENSA e com o objetivo de determinar a in-
relação entre o número basal de eosinófilos no sangue fluência do tratamento com mepolizumab na necessidade
periférico (ou seja, antes do tratamento com mepolizu- de corticoterapia oral de manutenção em asmáticos cor-
mab) e a resposta ao tratamento com este anti -IL -5. Para ticodependentes . Com uma duração de 20 semanas,
isso, os doentes foram estratificados de acordo com o incluiu 135 doentes com asma grave, inflamação eosino-
número de eosinófilos no sangue e as doses de mepo- fílica (150/μL na otimização ou 300/μL no último ano) e
lizumab foram todas combinadas na análise. No total da necessidade de terapêutica de manutenção com corticoi-
104
REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA