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rev port estomatol med dent cir maxilofac. 2021;63(S1):53-62 59
tração e colocação na arcada dentária for impossível de reali- sões: As novas estratégias regenerativas, como a proteína
zar, teremos que recorrer a outras disciplinas além da cirurgia, morfogênica óssea 2, apresentam eficácia semelhante no vo-
nomeadamente quer para reabilitar o espaço dos mesmos lume, largura e altura óssea do enxerto ósseo da crista ilíaca.
quer para transformar os primeiros prémolares em caninos, Implicações clínicas: A proteína morfogenética óssea humana
obtendo um sistema estomatognático fisiológico, quer a nível 2 é geralmente aplicada num enxerto ósseo aloplástico e é um
estético quer funcional. Poder-se-ia optar pela extração e fecho indutor eficaz para a formação de osso e cartilagem. Esse pro-
de espaço, uma vez que a posição intra-óssea do dente incluso tocolo evita as limitações dos enxertos ósseos autólogos, como
não era muito favorável. Conclusões: A escolha do plano de oferta limitada de doadores, morbidade da área doadora e re-
tratamento que se adeque ao objetivo do paciente, e em que a dução do stress cirúrgico do paciente, o que pode estar relacio-
aplicação de forças de tração sejam executadas na direção nado ao menor tempo operatório e internamento hospitalar.
mais favorável, para evitar lesões nos dentes adjacentes, e pro- http://doi.org/10.24873/j.rpemd.2022.12.1024
porcionar uma estética e função canina adequadas é o trata-
mento ideal.
http://doi.org/10.24873/j.rpemd.2022.12.1023 #SPODF2021‑17 Impressão tridimensional
de materiais biocompatíveis para regeneração
óssea – Revisão Narrativa
REVISÃO
Ângela Basílio, Inês Francisco, Francisco Vale
#SPODF2021‑16 Abordagens regenerativas Instituto de Ortodontia, Faculdade de Medicina,
para enxerto ósseo secundário em fendas Universidade de Coimbra
palatinas: uma umbrella review
Introdução: Os defeitos ósseos craniofaciais continuam a
Anabela Baptista Paula; Inês Francisco; Barbara Oliveiros,
ser um dos maiores desafios clínicos na medicina regenerati-
Maria Helena Fernandes, Eunice Carrilho, Carlos Miguel va, sendo o enxerto secundário de osso autólogo a técnica gol-
Marto, Francisco Vale
d-standard. Contudo, este método apresenta algumas limita-
Instituto de Ortodontia, Faculdade de Medicina, ções como: risco de resposta imune, tempo e custo operatório.
Universidade de Coimbra O desenvolvimento de novas matrizes tridimensionais permi-
te colmatar estas desvantagens. Tendo em conta que para
Introdução: A regeneração dos tecidos duros e moles está ocorrer movimento dentário ortodôntico é necessário bom
indicada em defeitos ósseos decorrentes de diversas condi- suporte ósseo e periodontal, esta revisão pretende esclarecer
ções, nomeadamente defeitos congénitos como a fenda lábio os materiais atualmente utilizados na regeneração óssea com
palatina. Apesar de o Enxerto autólogo com osso esponjoso ser aplicabilidade clínica em Ortodontia. Métodos: Foi realizada
considerado o gold standard, algumas desvantagens como a uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados Medline via
reabsorção óssea podem aparecer em 40% dos casos após um PubMed Web of Science Core Collection e SCOPUS utilizando-
ano de enxerto ósseo. Essa desvantagem pode aumentar a ne- -se as seguintes palavras-chave: “printing, three dimensional”,
cessidade de reintervenção. A regeneração de tecidos surge “bone regeneration” e “biocompatible materials”. Resultaram
como uma abordagem alternativa inovadora aos enxertos ós- 193 artigos e, após a remoção dos duplicados foram seleciona-
seos convencionais em pacientes fissurados. Esta revisão de dos 138. Destes, foram incluídas 72 referências bibliográficas,
revisões sistemáticas avalia a eficácia das abordagens atuais após a leitura dos respetivos títulos e resumos. Resultados:
na regeneração de defeitos ósseos em pacientes com fenda Nos últimos anos, vários materiais têm sido utilizados como
palatina. Materiais e Métodos: A questão PICO foi: População substitutos de enxerto com osso autólogo. A hidroxiapatite e
- Pacientes com fenda palatina; Intervenção submetidos a o beta-fosfato tricálcico são materiais promissores para a re-
terapêuticas regenerativas (enxerto autólogo convencional de construção óssea, já que têm uma composição similar ao osso.
diferentes origens, biomaterial aloplástico, fibrina rica em pla- Os vidros bioativos apresentam características únicas, pois
quetas, plasma rico em plaquetas, esponja de colágeno reab- formam camadas de hidroxiapatite mineralizadas o que pro-
sorvível, hidroxiapatita de origem bovina, material ósseo alo- move uma ligação química com o osso. Os materiais naturais
gênico, matriz óssea desmineralizada, matriz dérmica acelular são superiores aos sintéticos devido às propriedades biológi-
e proteína morfogenética óssea humana 2); C - diferentes es- cas, contudo, estes apresentam uma taxa de degradação mais
tratégias regenerativas disponíveis; O: regeneração óssea. A controlada. Para ultrapassar estas limitações, a hibridização
pesquisa foi realizada em várias bases de dados. Um tamanho dos materiais naturais e sintéticos é uma alternativa promis-
de efeito sintético padronizado foi calculado usando o número sora que permite obter as vantagens de ambos os biopolíme-
total de indivíduos incluídos nos estudos de meta-análise an- ros. Conclusões: A impressão tridimensional de matrizes bio-
teriores e os seus respetivos intervalos de confiança de 95% e compatíveis é uma área de investigação na qual ocorrem
valor de p para a comparação entre o enxerto da crista ilíaca e rápidos avanços. Enquanto as microestruturas são otimizadas
proteína morfogenética óssea humana 2. Resultados: A pes- surgem novos biomateriais que podem ser a chave para me-
quisa nas diferentes bases de dados resultou em 1317 artigos. lhorar a qualidade de vida de pacientes com grandes defeitos
Os artigos foram selecionados por título e resumo, 20 artigos ósseos. Implicações Clínicas: A impressão tridimensional de
completos foram avaliados para elegibilidade. 9 artigos foram matrizes biocompatíveis é uma abordagem importante em
incluídos na análise qualitativa e 5 na quantitativa. Conclu‑ ortodontia, pois uma grande percentagem de pacientes neces-