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           adolescência logo antes do surto de crescimento puberal, pro-  to-alveolar ou, ortodôntico- cirúrgico. A grande vantagem da
           porcionou-se à criança a primeira fase do tratamento. Os ob-  cirurgia ortognática é a correção das discrepâncias interma-
           jetivos do tratamento precoce da má oclusão de Classe II, são,   xilares severas pela mobilização das bases esqueléticas, o
           tal como McNamara recomenda, corrigir primeiro a dimensão   que possibilita a melhoria funcional, estética e psicológica
           transversal da maxila, melhorando espontaneamente a rela-  do paciente. Contudo, acarreta um aumento do custo do tra-
           ção sagital.  O tratamento foi realizado em duas fases: Fase 1   tamento e pode provocar complicações pós-cirúrgicas como,
           – 9 anos: Expansão maxilar com expansor tipo Hirax, alinha-  por exemplo, as parestesias nervosas. A escolha do trata-
           mento e nivelamento dos incisivos maxilares com brackets.   mento está dependente da severidade da má oclusão, da
           Seguiu-se a colocação do aparelho removível funcional, tipo   existência de outras patologias, como apneia obstrutiva do
           Planas. Duração do tratamento fase 1: 18 meses. Fase 2 – 11   sono, e da motivação do doente. Conclusões: O tratamento
           anos e 9 meses: Aparelho fixo bimaxilar do tipo Edgewise e   ortodôntico-cirúrgico permitiu a correção da má oclusão es-
           aparelho funcional tipo Forsus (FRD). Tempo total de tratamen-  quelética, melhorando a função bem como a estética facial.
           to fase 2 foi de 30 meses. Conclusões: Como resultado do tra-  http://doi.org/10.24873/j.rpemd.2022.12.1011
           tamento do avanço mandibular e expansão maxilar obteve-se
           uma melhoria na respiração com o aumento do tamanho das
           vias aéreas nasais, eliminação do apinhamento dentário, ni-  #SPODF2021‑4 Preparação ortodôntica‑cirúrgica
           velamento da curva de Wilson e facilitação da erupção dos   de um doente parcialmente desdentado sem
           caninos permanentes. A paciente terminou o tratamento or-  intercuspidação dentária
           todôntico plenamente satisfeita com o resultado, estética e
           funcionalmente.                                    Filipa Marques, Anabela Pedroso, Madalena Ribeiro, Inês
                                                              Francisco, Francisco do Vale
           http://doi.org/10.24873/j.rpemd.2022.12.1010
                                                              Instituto de Ortodontia, Faculdade de Medicina,
                                                              Universidade de Coimbra
           #SPODF2021‑3 Tratamento Ortodôntico‑Cirúrgico
           na Classe III esquelética                             Introdução: O tratamento ortodôntico-cirúrgico permite
                                                              a correção de deformidades dento faciais moderadas a seve-
           Catarina Nunes, Inês Francisco, Adriana Guimarães, Leonor
                                                              ras, quando a modificação do crescimento e camuflagem não
           Barroso, Francisco do Vale
                                                              são tratamentos viáveis. A ausência da intercuspidação den-
           Instituto de Ortodontia, Faculdade de Medicina,    tária inviabiliza a realização das férulas cirúrgicas pelo mé-
           Universidade de Coimbra                            todo convencional. Este procedimento é crucial para a reali-
                                                              zação dos movimentos cirúrgicos, o que permitirá a obtenção
             Introdução: A Classe III esquelética caracteriza-se por   da correta função e harmonia facial. O objetivo deste traba-
           uma discrepância sagital intermaxilar mesial e pode estar   lho é apresentar um método alternativo da confeção de fé-
           associada a uma herança genética. Cerca de 40% dos casos   rulas cirúrgicas, num doente portador de Classe III esquelé-
           apresentam uma prognatia mandibular e retrognatia maxi-  tica sem intercuspidação dentária. Descrição do caso clínico:
           lar. Na adultícia, quando a severidade da discrepância inter-  JR, género masculino, 39 anos de idade, apresentou-se na
           maxilar excede os limites da camuflagem dento-alveolar, o   consulta de Ortodontia da Faculdade de Medicina da Univer-
           tratamento ideal é ortodôntico-cirúrgico. Esta terapêutica   sidade de Coimbra para tratamento ortodôntico-cirúrgico.
           permite melhorar o componente funcional (mastigação e   Após observação clínica observou-se a presença de uma fen-
           fonética) bem como a estética, permitindo melhorar a au-  da lábio palatina unilateral esquerda, Classe III esquelética
           toestima e a qualidade de vida do paciente. O objetivo deste   e a presença de apenas 4 dentes sem intercuspidação den-
           trabalho é a descrição de um caso clínico de Classe III esque-  tária (26,33,31 e 41). A confeção das férulas iniciou-se com o
           lética submetido a tratamento ortodôntico-cirúrgico. Descri‑  registo de mordida com uma base de acrílico fotopolimeri-
           ção do caso clínico: Paciente do sexo masculino, 19 anos,   zável e a adição de silicone putty para melhorar os detalhes
           recorreu ao serviço do Instituto de Ortodontia da Faculdade   e retenção. O caso foi posteriormente preparado através de
           de Medicina da Universidade de Coimbra para correção da   um articulador semi-ajustável. O ajuste oclusal pós-cirúrgi-
           má oclusão. O doente apresentava uma classe III esquelética   co é, normalmente, efetuado pelo uso de elásticos interma-
           com um perfil hiperdivergente e uma assimetria facial. O   xilares, o que neste caso clínico não foi possível devido à
           plano de tratamento contemplou aparatologia multibrackets   edentação presente. Por esta razão, a férula final apresenta-
           Roth 0,18 e cirurgia ortognática bimaxilar com os seguintes   va dois orifícios bilaterais para ajudar a respiração e a ali-
           movimentos: Le Fort 1 de avanço maxilar de 5 milímetros e   mentação pós-cirúrgica, mantendo a correta oclusão duran-
           impactação posterior de 3 milímetros, osteotomia bilateral   te o período pós-operatório. Adicionalmente, a presença de
           sagital de recuo mandibular de 4 milímetros com reposicio-  cinco ganchos incorporados possibilitou o estabelecimento
           namento para correção da assimetria. Posteriormente à or-  da oclusão durante a cirurgia, uma vez que o posicionamen-
           todontia pós-cirúrgica, foi removida a aparatologia e foram   to convencional não era possível. Discussão: A correção ci-
           colocados os seguintes dispositivos para contenção do caso:   rúrgica de deformidades esqueléticas Classe III apesenta
           placa de Hawley e contenção fixa inferior. Discussão: Nos   melhorias esqueléticas e nos tecidos moles. Desta forma,
           pacientes adultos com classe III esquelética, o tratamento   obtém-se uma melhoria na harmonia e simetria da face, no
           pode ser ortodôntico, no qual é realizada a camuflagem den-  perfil cutâneo e na qualidade de vida do doente. Conclusões:
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