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54 rev port estomatol med dent cir maxilofac. 2021;63(S1):53-62
adolescência logo antes do surto de crescimento puberal, pro- to-alveolar ou, ortodôntico- cirúrgico. A grande vantagem da
porcionou-se à criança a primeira fase do tratamento. Os ob- cirurgia ortognática é a correção das discrepâncias interma-
jetivos do tratamento precoce da má oclusão de Classe II, são, xilares severas pela mobilização das bases esqueléticas, o
tal como McNamara recomenda, corrigir primeiro a dimensão que possibilita a melhoria funcional, estética e psicológica
transversal da maxila, melhorando espontaneamente a rela- do paciente. Contudo, acarreta um aumento do custo do tra-
ção sagital. O tratamento foi realizado em duas fases: Fase 1 tamento e pode provocar complicações pós-cirúrgicas como,
– 9 anos: Expansão maxilar com expansor tipo Hirax, alinha- por exemplo, as parestesias nervosas. A escolha do trata-
mento e nivelamento dos incisivos maxilares com brackets. mento está dependente da severidade da má oclusão, da
Seguiu-se a colocação do aparelho removível funcional, tipo existência de outras patologias, como apneia obstrutiva do
Planas. Duração do tratamento fase 1: 18 meses. Fase 2 – 11 sono, e da motivação do doente. Conclusões: O tratamento
anos e 9 meses: Aparelho fixo bimaxilar do tipo Edgewise e ortodôntico-cirúrgico permitiu a correção da má oclusão es-
aparelho funcional tipo Forsus (FRD). Tempo total de tratamen- quelética, melhorando a função bem como a estética facial.
to fase 2 foi de 30 meses. Conclusões: Como resultado do tra- http://doi.org/10.24873/j.rpemd.2022.12.1011
tamento do avanço mandibular e expansão maxilar obteve-se
uma melhoria na respiração com o aumento do tamanho das
vias aéreas nasais, eliminação do apinhamento dentário, ni- #SPODF2021‑4 Preparação ortodôntica‑cirúrgica
velamento da curva de Wilson e facilitação da erupção dos de um doente parcialmente desdentado sem
caninos permanentes. A paciente terminou o tratamento or- intercuspidação dentária
todôntico plenamente satisfeita com o resultado, estética e
funcionalmente. Filipa Marques, Anabela Pedroso, Madalena Ribeiro, Inês
Francisco, Francisco do Vale
http://doi.org/10.24873/j.rpemd.2022.12.1010
Instituto de Ortodontia, Faculdade de Medicina,
Universidade de Coimbra
#SPODF2021‑3 Tratamento Ortodôntico‑Cirúrgico
na Classe III esquelética Introdução: O tratamento ortodôntico-cirúrgico permite
a correção de deformidades dento faciais moderadas a seve-
Catarina Nunes, Inês Francisco, Adriana Guimarães, Leonor
ras, quando a modificação do crescimento e camuflagem não
Barroso, Francisco do Vale
são tratamentos viáveis. A ausência da intercuspidação den-
Instituto de Ortodontia, Faculdade de Medicina, tária inviabiliza a realização das férulas cirúrgicas pelo mé-
Universidade de Coimbra todo convencional. Este procedimento é crucial para a reali-
zação dos movimentos cirúrgicos, o que permitirá a obtenção
Introdução: A Classe III esquelética caracteriza-se por da correta função e harmonia facial. O objetivo deste traba-
uma discrepância sagital intermaxilar mesial e pode estar lho é apresentar um método alternativo da confeção de fé-
associada a uma herança genética. Cerca de 40% dos casos rulas cirúrgicas, num doente portador de Classe III esquelé-
apresentam uma prognatia mandibular e retrognatia maxi- tica sem intercuspidação dentária. Descrição do caso clínico:
lar. Na adultícia, quando a severidade da discrepância inter- JR, género masculino, 39 anos de idade, apresentou-se na
maxilar excede os limites da camuflagem dento-alveolar, o consulta de Ortodontia da Faculdade de Medicina da Univer-
tratamento ideal é ortodôntico-cirúrgico. Esta terapêutica sidade de Coimbra para tratamento ortodôntico-cirúrgico.
permite melhorar o componente funcional (mastigação e Após observação clínica observou-se a presença de uma fen-
fonética) bem como a estética, permitindo melhorar a au- da lábio palatina unilateral esquerda, Classe III esquelética
toestima e a qualidade de vida do paciente. O objetivo deste e a presença de apenas 4 dentes sem intercuspidação den-
trabalho é a descrição de um caso clínico de Classe III esque- tária (26,33,31 e 41). A confeção das férulas iniciou-se com o
lética submetido a tratamento ortodôntico-cirúrgico. Descri‑ registo de mordida com uma base de acrílico fotopolimeri-
ção do caso clínico: Paciente do sexo masculino, 19 anos, zável e a adição de silicone putty para melhorar os detalhes
recorreu ao serviço do Instituto de Ortodontia da Faculdade e retenção. O caso foi posteriormente preparado através de
de Medicina da Universidade de Coimbra para correção da um articulador semi-ajustável. O ajuste oclusal pós-cirúrgi-
má oclusão. O doente apresentava uma classe III esquelética co é, normalmente, efetuado pelo uso de elásticos interma-
com um perfil hiperdivergente e uma assimetria facial. O xilares, o que neste caso clínico não foi possível devido à
plano de tratamento contemplou aparatologia multibrackets edentação presente. Por esta razão, a férula final apresenta-
Roth 0,18 e cirurgia ortognática bimaxilar com os seguintes va dois orifícios bilaterais para ajudar a respiração e a ali-
movimentos: Le Fort 1 de avanço maxilar de 5 milímetros e mentação pós-cirúrgica, mantendo a correta oclusão duran-
impactação posterior de 3 milímetros, osteotomia bilateral te o período pós-operatório. Adicionalmente, a presença de
sagital de recuo mandibular de 4 milímetros com reposicio- cinco ganchos incorporados possibilitou o estabelecimento
namento para correção da assimetria. Posteriormente à or- da oclusão durante a cirurgia, uma vez que o posicionamen-
todontia pós-cirúrgica, foi removida a aparatologia e foram to convencional não era possível. Discussão: A correção ci-
colocados os seguintes dispositivos para contenção do caso: rúrgica de deformidades esqueléticas Classe III apesenta
placa de Hawley e contenção fixa inferior. Discussão: Nos melhorias esqueléticas e nos tecidos moles. Desta forma,
pacientes adultos com classe III esquelética, o tratamento obtém-se uma melhoria na harmonia e simetria da face, no
pode ser ortodôntico, no qual é realizada a camuflagem den- perfil cutâneo e na qualidade de vida do doente. Conclusões: