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Cristina Lopes, Catarina Tavares, Inês Rolla, Ernestina Gomes





            em bólus de 20 a 50 mcg (2 a 5 ml da diluição prévia   A administração de corticoide serve essencialmente
            proposta) em função da resposta. Nas crianças não fazer   para a prevenção de reações bifásicas (recrudescimento da
            adrenalina IV em bólus. Se forem necessárias doses re-  reação alérgica após 6 a 8 h) e não é também life saving e
            petidas, estabelecer perfusão IV de adrenalina usando os   nunca deve atrasar a administração de adrenalina intramus-
            quadros que existem para o efeito (1 a 10 mcg/min é a   cular. Há pouca evidência sobre qual a dose ideal por exem-
            dose habitual, o que corresponde a 6 a 60 ml/h da diluição   plo de hidrocortisona, sugerindo -se no adulto 200 mg IV
            prévia, titulando para o efeito pretendido).      e na criança 4mg/kg IV lento.
               A adrenalina continua a ser o vasopressor de primeira
            linha para o tratamento de reações alérgicas. Ponderar   Paragem cardiorrespiratória
            outros vasopressores e inotrópicos (noradrenalina, vaso-  Em caso de paragem cardiorrespiratória devem iniciar-
            pressina, terlipressina) quando a reanimação inicial com   -se de imediato as medidas de suporte avançado de vida,
            adrenalina e fluido não é bem -sucedida. Estes fármacos só   de acordo com as mais recentes guidelines do ERC.
            devem ser usados em contextos especializados (bloco,
            unidades de cuidados intensivos), onde há experiência na
            sua utilização. O glucagon pode ser útil para tratar reações   PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS
            alérgicas em doentes medicados com betabloqueadores.
                                                                 O diagnóstico de reações de hipersensibilidade é clí-
            Fluidoterapia                                     nico e os meios complementares são apenas auxiliares.
               A fluidoterapia atempada é um dos factores determi-  Existem vários diagnósticos diferenciais que devem ser
            nantes para evitar e corrigir a hipotensão/choque distri-  considerados de acordo com a gravidade das manifesta-
            butivo que poderá conduzir a paragem cardiorrespirató-  ções clínicas e excluídos quando necessário, nunca atra-
            ria. Deve -se administrar um bólus rápido de fluídos IV   sando a intervenção de tratamento.
            (500 -1000 ml de um cristaloide no adulto), monitorizar   Em todas as reações de hipersensibilidade moderadas
            a resposta e se necessário administrar doses adicionais.   a graves a produto de contraste deve realizar -se uma co-
            Nas crianças está recomendado um bólus de fluidos cris-  lheita de sangue para quantificação dos níveis de triptase
            talóides de 20 ml/kg. Neste contexto entende -se por   sérica. A colheita deve ser o mais precoce possível entre
            cristaloide o soro polieletrolítico para uso endovenoso,   15 minutos a 6 horas após o início dos sintomas.
                                                      ®
            isotónico e sem glicose, como por exemplo o Poli   ou   Em todas as reações de hipersensibilidade modera-
                        ®
            o Plasma -Lyte  .                                 das a graves com produto de contraste deve ser pedi-
                                                              da consulta de Imunoalergologia. Na consulta de Imu-
            Outros fármacos                                   noalergologia vão ser interpretados os resultados da
               A administração de anti -histamínicos, embora reduza   triptase sérica. Os aumentos de triptase sérica apoiam
            os sintomas, não é life saving e nunca deve atrasar a admi-  o diagnóstico de hipersensibilidade mediada por IgE,
            nistração de adrenalina intramuscular. O fármaco anti-  mas, se normais, não excluem uma reação anafilática.
            -histamínico sugerido é a clemastina. A dose no adulto   Em caso de elevação do valor de triptase sérica deverá
            são os 2 mg IV ou IM. Na criança a dose correta é de   ser feita nova colheita após a resolução dos sintomas,
            0,025mg/kg/dose IM ou EV (até um máximo de 2 mg).  no follow -up do doente, em consulta de Imunoalergo-
               Há pouca evidência que suporte a utilização por ro-  logia. Outros meios complementares de diagnóstico
            tina de anti -histamínicos H2 (p. ex. ranitidina, cimetidina)   serão realizados durante o seguimento em consulta de
            para o tratamento destas situações.               Imunoalergologia.


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            REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA
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