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PROTOCOLO CLÍNICO DE ABORDAGEM DAS REAÇÕES AGUDAS DE HIPERSENSIBILIDADE
                                       A MEIOS DE CONTRASTE EM IMAGIOLOGIA / PÁGINA EDUCACIONAL





          desenvolve doença súbita e inesperada (habitualmente   Os problemas da exposição (E – exposure) significam
          nos minutos que se seguem à administração de produto   a necessidade de controlo da exposição, nomeadamente
          de contraste), com alterações cutâneas de progressão   com controlo da temperatura corporal.
          rápida e compromisso potencialmente fatal da via aérea
          e/ou respiratório e/ou circulatório.              Adrenalina
             A reação alérgica, sendo um tipo específico e potencial-  De notar que perante a suspeita de reação moderada
          mente fatal de reação adversa, tem uma abordagem diferen-  ou grave de hipersensibilidade o fármaco de eleição é a
          te. Esta abordagem deve ser adequada à gravidade clínica do   adrenalina 5,6
          doente. Este algoritmo de atuação é baseado nas recomen-  Não existem contraindicações absolutas para trata-
          dações do Conselho Europeu de Ressuscitação (ERC).  mento com adrenalina intramuscular numa situação de
                                                            anafilaxia. Os efeitos adversos são muito raros quando
          Abordagem ABCDE                                   são injetadas as doses corretas por via intramuscular (IM).
             A metodologia ABCDE de reconhecimento e abor-  As vias subcutâneas ou inalatórias não são recomendadas.
          dagem de qualquer doente crítico é a que deve ser utili-  No adulto e na criança com mais de 12 anos, administrar
          zada para estas situações.                        uma dose inicial de 0,5 mg de adrenalina IM (0,5 ml de
             Os problemas da via aérea (A – airway) podem corres-  ampola 1 mg/ml (1:1000 adrenalina) = 0,5 mg = 500 mcg).
          ponder a edema das vias aéreas e traduzir -se por rouquidão   Podem ser administradas doses adicionais com intervalos
          ou estridor e podem evoluir até à obstrução completa e   de cerca de 5 minutos, em função da resposta do doen-
          paragem cardiorrespiratória. A obstrução da  via  aérea   te, até 3 administrações.
          pode acontecer de forma rápida. Os sinais de alerta são   Nas crianças com idade entre 6 e 12 anos a dose de
          o edema da língua e dos lábios e a rouquidão. O envolvi-  adrenalina é de 0,3 mg de IM (0,3 ml de ampola 1 mg/ml
          mento precoce de um perito da via aérea (anestesiologis-  (1:1000 adrenalina) = 0,3 mg = 300 mcg). Nas crianças com
          ta experiente; intensivista) é obrigatório no tratamento   menos de 6 anos a dose de adrenalina é de 0,15 mg de IM
          destes doentes. É necessário ponderar a  intubação  tra-  (0,15 ml de ampola 1 mg/ml (1:1000 adrenalina) = 0,15 mg
          queal precoce; qualquer atraso pode tornar a intubação   = 150 mcg) (Quadro 4).
          extremamente difícil. Pode ser necessária uma via aérea   O melhor local para a injeção IM é a porção anterola-
          cirúrgica, caso a intubação traqueal não seja possível.  teral do terço médio da coxa. A agulha a utilizar na injeção
             Os problemas da respiração (B – breathing) podem   tem de ser suficientemente comprida para assegurar que
          traduzir -se em dispneia, pieira, sibilos, cianose e confu-  a adrenalina é injetada no músculo (21G -cor verde, com
          são, traduzindo frequentemente broncoconstrição e in-  4 cm, também conhecida por agulha intramuscular).
          suficiência respiratória.                            A adrenalina IV só deve ser administrada por profis-
             Os problemas circulatórios (C – circulation) podem ir   sionais experientes na utilização e titulação de vasopres-
          da hipotensão à paragem cardíaca. Os problemas circula-  sores na prática clínica (por exemplo, anestesiologistas
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          tórios (muitas vezes referidos como choque anafilático)   ou intensivistas) . Em doentes com circulação espontânea,
          podem ser causados por depressão miocárdica direta ou   a adrenalina intravenosa pode provocar hipertensão po-
          vasodilatação e aumento da permeabilidade capilar.  tencialmente fatal, taquicardia, arritmias e isquemia do
             Os problemas da via aérea, respiração e circulação, já   miocárdio. Não administrar a solução de adrenalina
          referidos, podem alterar o estado neurológico do doente   1:1.000 por via IV sem diluição prévia apropriada (diluir
          (D – disability) por diminuição da perfusão cerebral. Pode   1 mg até 100 ml de soro fisiológico, pode usar esta dilui-
          haver confusão, agitação e perda de consciência.  ção para bólus ou para infusão). Titular a adrenalina IV


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                                             REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA
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