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rev port estomatol med dent cir maxilofac. 2024;64(S1):62-72 67
#SPODF2024-CC11 Tratamento orto-cirúrgico da #SPODF2024-CC12 Tratamento ortodôntico com
má-oclusão esquelética de classe III: Série de casos uma abordagem interdisciplinar da fenda
lábio-palatina: Série de casos
Mariana Santos, Catarina Nunes, João Matos,
Raquel Travassos, Inês Francisco, Francisco do Vale. Mariana McEvoy, Catarina Nunes, Ana Patrícia Rodrigues,
Ana Luísa Figueiredo, Inês Francisco, Francisco Vale.
Instituto de Ortodontia da Faculdade de Medicina
da Universidade de Coimbra Instituto de Ortodontia da Faculdade de Medicina
da Universidade de Coimbra
Introdução: A má oclusão de classe III é caracterizado
pela discrepância sagital intermaxilar mesial e apresenta Introdução: As fendas lábio palatinas são as anomalias
uma prevalência de cerca 26,7% na população geral. O tra- congénitas mais prevalentes que afetam a região orofacial.
tamento ortodôntico-cirúrgico é a opção de eleição em casos Estes indivíduos exibem um aumento na ocorrência de ano-
severos, permitindo a correção das bases esqueléticas em malias dentárias em comparação com a população geral.
relação à porção anterior da base do crânio. Desta forma, Além disso, apresentam com frequência um padrão de má
possibilita a correção do perfil cutâneo e permite a obtenção oclusão de classe III, atribuído principalmente à hipoplasia
de uma estética facial mais simétrica e agradável, aumen- maxilar, devido a deficiências de crescimento inerentes ou
tando a autoestima e a qualidade de vida do doente. O exa- à formação de tecido cicatricial após vários procedimentos
me clínico, a análise cefalométrica, a idade do doente e a cirúrgicos corretivos durante a infância. Este protocolo será
severidade da má oclusão são determinantes para o plano relatado através dos casos clínicos expostos. Descrição do
de tratamento. O presente trabalho pretende relatar o tra- caso clínico: Caso 1: Doente do sexo masculino com 15 anos,
tamento ortodôntico-cirúrgico de uma série de doentes por- portador de fenda lábio-palatina unilateral direita, diagnos-
tadores de classe III esquelética. Descrição de caso clínico: ticado com agenesia do dente 12, discrepância transversal
Três doentes compareceram no Instituto de Ortodontia da e classe III esquelética e dentária. O plano de tratamento
Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, sendo implementado foi o seguinte: Hyrax; Enxerto ósseo secun-
um do sexo masculino com 19 anos e dois do sexo feminino dário; Aparelhos fixos com prescrição Roth 0.018; Cirurgia
com 14 e 26 anos, respetivamente. Todos os indivíduos refe- ortognática bimaxilar. Caso 2: Doente do sexo masculino
riam ser saudáveis e não ter efetuado nenhum tipo de tra- com 11 anos de idade, portador de fenda lábio-palatina uni-
tamento ortodôntico anteriormente. No entanto, dois destes lateral direita e microssomia hemifacial Pruzansky tipo I. O
doentes relataram histórico de queda na infância, resultan- plano de tratamento executado foi o seguinte: arco facial
do em trauma facial, o que possivelmente contribui para as extra-oral; aparatologia fixa com prescrição Roth 0.018; en-
assimetrias mandibulares observadas. O tratamento orto- xerto ósseo secundário; e, reabilitação estética do dente
dôntico cirúrgico consistiu em três fases. O tratamento or- com microdontia. Caso 3: Doente do sexo masculino com 9
todôntico pré-cirúrgico envolveu a retroinclinação dos inci- anos de idade, portador de fenda lábio-palatina unilateral
sivos superiores e a proinclinação dos incisivos inferiores. esquerda. Diagnosticado com classe II esquelética e dentá-
Na segunda fase foi realizada a cirurgia ortognática bimaxi- ria, incisivos centrais superiores inclusos e presença de su-
lar: Osteotomia Le Fort I com avanço maxilar, e osteotomia pranumerários inclusos. O plano de tratamento executado
sagital bilateral. A terceira fase foi o tratamento ortodôntico foi o seguinte: Barra transpalatina; aparatologia fixa com
pós-cirúrgico, que envolveu o uso de elásticos intermaxila- prescrição Roth 0.018; tração dos incisivos centrais superio-
res para estabilizar a nova posição oclusal e prevenir recidi- res; frenectomia; exodontia dos supranumerários. Discus-
va. Após a remoção da aparatologia foram colocadas con- são: O papel do Ortodontista no tratamento da fenda lábio-
tenções – fixa na arcada inferior (3x3) e removível na arcada -palatina ocorre desde o nascimento até a adultícia. Em
superior (placa de Hawley). Discussão: No final do trata- todos os casos, o enxerto ósseo alveolar permitiu a movi-
mento, os doentes apresentavam estabilidade oclusal e uma mentação ortodôntica dos dentes adjacentes para o local da
melhoria significativa tanto na estética facial, com a corre- fenda, o que possibilitou a obtenção de estabilidade oclusal
ção das assimetrias, como na estética do sorriso. Adicional- e uma melhoria na estética facial. Após o enxerto ósseo, os
mente, verificou-se melhorias na fonação, mastigação e aparelhos ortodônticos fixos foram mantidos até o restabe-
deglutição. Conclusões: A correção cirúrgica bimaxilar per- lecimento total da estética facial e função. Conclusões: A
mite obter uma Classe I esquelética com simetria mandibu- ampla variedade de características clínicas resultantes des-
lar, melhorando a função do sistema estomatognático e a ta patologia exige uma abordagem multidisciplinar a fim de
estética facial. restabelecer a função e a estética ideal. Os resultados fun-
http://doi.org/10.24873/j.rpemd.2024.12.1360 cionais e estéticos alcançados foram satisfatórios em todos
os casos.
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