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EDITORIAL




          A prestação de cuidados de saúde



          no horizonte da modernidade






           Re v P or t Im unoalerg ologia 2019; 27 (1):  7-8


           Joana Caiado





                 abordagem prática da hipersensibilidade a meios   Como atual Coordenadora do Grupo de Interesse de
                 de contraste é atualmente um dos grandes de-  Alergia a Fármacos (GIAF), não poderia deixar de con-
          A safios na área da alergia medicamentosa, sendo   gratular os autores destes excelentes trabalhos.
          muitas vezes necessário tomar decisões em curto espaço   O artigo de revisão efetuado pelo Dr. João Marce-
          de tempo. Muitos são os atos em que o contraste é fun-  lino e cols. denota a disparidade na valorização dos
          damental, como é o caso da tomografia computorizada   testes diagnósticos, especialmente dos in vitro, dado
          ou da angiografia coronária, verificando-se um reconhe-  não serem ainda reconhecidos como meios alternativos,
          cimento e referenciação crescentes dos doentes com   sendo mais consensual que a avaliação diagnóstica pas-
          reações a meios de contraste, quer reações imediatas   se pela realização de testes intradérmicos com as con-
          quer não imediatas.                               centrações não irritativas já publicadas (testes cutâneos
             O não encaminhamento dos doentes a uma consulta   em picada raramente positivos). Já em relação à prova
          de Imunoalergologia após uma reação a meios de con-  de provocação, gold-standard no diagnóstico de alergia
          traste pode colocar em risco a evolução destes doentes:   medicamentosa, apesar de não ser ainda uma abordagem
          no caso de o doente referir reação prévia pode haver   globalmente aceite, há já vários grupos que defendem
          uma recusa na utilização de meio de contraste em exames   ser esta a única forma de demonstrar a tolerância clí-
          diagnósticos ou mesmo terapêuticos por receio e, por   nica ao meio de contraste que afirmamos ser alterna-
          outro lado, a omissão ou não valorização de reação pré-  tivo e seguro.
          via pode conduzir a um risco aumentado de nova ocor-  O artigo da Dra. Cristina Lopes e cols. tem como
          rência tão ou mais grave que a anterior.          objetivo apresentar um protocolo por consenso de
             A dificuldade diagnóstica prende-se com a diversida-  peritos em várias especialidades que diretamente tra-
          de de apresentações clínicas, timing da reação e ao facto   tam doentes com reações agudas de hipersensibilidade
          de não haver um consenso global relativamente à escala-  a meios de contraste (Imagiologia, Imunoalergologia e
          da diagnóstica e aos planos de pré-medicação (quer sejam   Medicina Intensiva). Um dos pontos de realce deste
          doentes de risco ou com reação prévia), sendo que atual-  artigo é a chamada de atenção para a importância da
          mente cada hospital e/ou serviço tem as suas recomen-  estratificação de risco nestes doentes, a qual vai defi-
          dações próprias. Há assim necessidade de uniformizar   nir a estratégia de profilaxia, de acordo com o risco,
          protocolos de abordagem diagnóstica e terapêutica.  que pode ser baixo, médio ou alto. Outra questão




          http://doi.org/10.32932/rpia.2019.03.001
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