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Magna Alves-Correia, Cátia Santa, Filipa Semedo, Filipe Benito-Garcia, Frederico Regateiro, Filipa Lopes,
            Isabel Rezende, Joana Cosme, Joana Gouveia, Joana Pita, João Azevedo, Lise Brosseron, Maria João Vasconcelos,
            Maria Luís Marques, Nicole Pinto, Renato Oliveira, Rosa Anita Fernandes, Sara Martins, Ana Morête, Emília Faria,
            Manuel Branco-Ferreira, Pedro Martins, Rodrigo Rodrigues-Alves, João-Almeida Fonseca, Elisa Pedro





            a prevalência de “asma atual” foi de 19,9 % (IC95 % 17,5-  referiram sintomas nos últimos 12 meses, o que aponta
            22,2), a criação de uma variável que incluísse resposta   também para um subdiagnóstico e/ou um mau controlo
            positiva à pergunta 1 e à pergunta 2 acometeu assim uma   da asma (e de outras patologias respiratórias). A elevada
            maior sensibilidade na avaliação da frequência de asma   percentagem de doentes com EFR alterado (47,6 %; IC95 %
            ativa e evitou erros de memória na população estudada,   40,8 -54,4) reforça a possibilidade de subdiagnóstico e/ou
            à semelhança de estudos anteriores . A percentagem   de subtratamento. A identificação e encaminhamento
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            encontrada foi superior a estudos anteriores realizados   destes doentes para avaliação clínica, onde a sua eventual
            com outro tipo de desenho sobre a prevalência de asma   patologia respiratória poderá ser investigada e conve-
            atual na população portuguesa. Em 2010 realizou-se o   nientemente seguida, foi um dos aspetos mais valorizados
            primeiro inquérito nacional sobre asma (INAsma), uma   deste rastreio, beneficiando diretamente um grande nú-
            colaboração da Sociedade Portuguesa de Alergologia e   mero de participantes.
            Imunologia Clínica e da Sociedade Portuguesa de Pneu-  Do total de participantes, 60,5 % (IC95 % 55,0-66,1)
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            mologia . Em 2012, Sá e Sousa et al. publicaram os resul-  referiram estar sob medicação para a asma. No subgrupo
            tados deste estudo estimando uma prevalência da asma   “asma atual”, a percentagem de participantes sob medi-
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            na população portuguesa de 6,8 % (IC95 % 6,0-7,7) . No   cação para a asma foi de 67,0 % (IC95 % 60,6-73,4), um
            entanto, no rastreio “Vencer a Asma” os números apre-  valor ligeiramente superior ao descrito na literatura
            sentados não podem ser extrapolados para a população   (60,1 %; IC95 % 53,5-66,2) . Mais uma vez, importa refe-
                                                                                    2
            geral dada a falta de representatividade da população   rir a falta de representatividade da amostra.
            subjacente à inclusão voluntária dos participantes. O mes-  Na população estudada, as hospitalizações por asma
            mo se verifica na “asma ao longo da vida”, onde se regis-  foram referidas em 26,8 % (IC95 % 22-32) dos participan-
            tou 28 % (IC95 % 25,3-30,7) de prevalência, e no “diag-  tes, sendo que, no subgrupo “asma atual”, essa percen-
            nóstico de asma” onde se registou 16,9 % (IC95 %   tagem foi de 29,2 % (IC95 % 23,1-35,4), valor superior ao
            14,7-19,2) de prevalência, valores superiores aos publica-  obtido no estudo INAsma (25,6 %; IC95 % 20,4-31,5). 2
            dos para a população portuguesa, onde “asma ao longo   Relativamente a provas de função respiratória, 37,7 %
            da vida” registou uma prevalência de 10,5 % (IC95 % 9,5-  (IC95 % 34,7-40,7) dos participantes já tinham realizado
            11,6) e o “diagnóstico de asma” registou 5,0 % (IC95 %   pelo menos uma, percentagem superior à encontrada
            4,2-5,8).  O rastreio permitiu ainda identificar um grande   na população estudada no INAsma (23,6 %; IC95 % 22,2-
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            número de participantes com sintomas sugestivos de asma   -25,2).  No subgrupo “asma atual”, 72,1 % (IC95 % 65,8-
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            nos últimos meses (46,6 %; IC95 % 44-50), valor superior   -78,3) dos participantes já tinha realizado pelo menos
            ao publicado no estudo INAsma (18,1 %; IC95 % 16,8-19,4),   um estudo funcional respiratório, uma percentagem
            dos quais apenas uma percentagem (23,3 %; IC95 % (20,8-  também superior à publicada no estudo supracitado
            25,9) fazia medicação para patologias respiratórias. A   (57,4 %; IC95 % 50,9-63,7). Facto relacionado também
            elevada percentagem de participantes com pieira e disp-  com a não representatividade da população em geral, a
            neia concomitante e sibilância na ausência de infeção   não aleatorização, com provável maior adesão dos indi-
            respiratória faz equacionar a possibilidade de etiologia   víduos com antecedentes de patologia respiratória a
            alérgica subjacente, que poderia ser devidamente orien-  este tipo de iniciativa, a realização apenas em cidades,
            tada. A realização de testes cutâneos por picada teria   em horário laboral, entre outros. Não obstante, este
            permitido caracterizar de modo mais compreensivo esta   rastreio confirma que a asma é uma doença muito co-
            etiologia. Já a análise do subgrupo “presença de sintomas”   mum nas várias regiões portuguesas e nos vários grupos
            revelou que 52,6 % (IC95 % 48,2-57,0) dos participantes   etários da população.


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            REVIST A POR TUGUESA DE IMUNO ALERGOLOGIA
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